segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Carlos Alves, o Luvas Pretas


Carlos Alves foi um famoso jogador, dirigente e treinador de futebol. Nascido em 1903, foi no Carcavelinhos, equipa lisboeta fundada em 1912, que passou os principais anos da sua carreira.

Foi internacional pela Selecção principal por 18 ocasiões, tendo participado nos Jogos Olimpicos de Amsterdão (de 1928) em que Portugal alcançou os quartos de final, sendo aí considerado um dos melhores defesas direito do torneio.

Do Carcavelinhos passou para o Académico Futebol Clube, da cidade do Porto, na época de 1931-32, aí se mantendo até à época de 1934-35, tendo depois jogado uma única época no Futebol Clube do Porto (1935-36), pois por essa altura problemas pulmonares atiraram-no para um sanatório, onde esteve durante dois anos.
 
Recuperado, passou a treinador do Farense, criando uma famosa equipa, a que se chamou "8.º exército" pela sua invencibilidade larga em todo o Algarve. Aliás, só não levou o clube à I Divisão no final dos anos 30, porque as regras não o permitiram. Contudo, o feitio algo difícil coartou-lhe maiores veleidades como treinador.

Refugiou-se, então, em Albergaria-a-Velha, onde permaneceria até morrer, orientando o Alba. Foi nesse clube que João Alves, o neto, começou a despontar para a glória.

Ainda recentemente, João Alves recordou os seus tempos de menino, em que viveu com o avô, Carlos Alves, em Albergaria. Tendo, na altura, referido que "Tive uma sorte imensa, pois o meu avô morava no campo do Alba, onde assim pude iniciar-me futebolista".

Luvas pretas

As luvas de Carlos Alves foram durante anos um dos maiores enigmas do futebol português. Alguns diziam que era o hábito, que como trabalhava com produtos químicos as utilizava para evitar mazelas e não era capaz de retirá-las em jogo. Outros que era para evitar que as unhas se escalavrassem porque também era tocador de guitarra.

Por fim ele explicou tudo. Era superstição, fora uma admiradora que lhas dera insinuando-lhe que se as utilizasse seria um dia campeão de Portugal. Foi. Pelo Carcavelinhos, seu clube de origem, em 1928.

Porque fora o avô Carlos que mais influência tivera na sua vida de futebolista, levando-o, embevecido, pela mão, ao primeiro treino, na Sanjoanense, João manteve a tradição das luvas pretas, que, assim, eram mais que um adereço, mais até que um símbolo, uma homenagem.

Fontes: “A Bola” / net (adaptado) / Eduardo Rego


Foto: Alba

1 comentário:

Anónimo disse...

Felicito de novo os autores do Blog pela organização e diversidade dos pontos com que se vai construindo. Só quem não quer não está a par das agendas culturais, bem como das memórias que ajudam a entender como se formou aterra e as suas gentes.
Continuem. Vale a pena.
Iracema Santos Clara