quarta-feira, 3 de junho de 2009

A entrada da imprensa local (Séc. XIX)

O crescimento da escolaridade arrastou consigo a ânsia do conhecimento pela leitura e pela difusão da notícia escrita.

Desde meados do século XIX que os semanários de Aveiro eram lidos em todo o concelho dada a sua divulgação e o interesse pelas notícias frequentes, dos assíduos correspondentes locais.

Não admira que esta influência tenha levado ao aparecimento dos primeiros periódicos do concelho.

Primeiros periódicos

"O Vesicatório" surgido anónimo em Albergaria, em 1864, com quatro pequenas páginas em formato A4, pejadas do fruto da arte do maldizer político local, foi o primeiro.

Logo de seguida veio o "Bouquet de Angeja", ao cabo de vinte números mudado para "Gazeta de Angeja", aparecidos em 1887, com mais sabor literário do que noticioso, dado o diletantismo do seu director, Ricardo Souto, estudante de Medicina.

Semanários e Bissemanário

Em 1888, aparece a "Folha d’Albergaria", já como semanário noticioso e com tipografia própria, o que representa um avanço no leque industrial do concelho. Ainda no final desse ano vem à luz um excelente bissemanário, noticioso, político e literário, o "Movimento", o qual, para além de activar e dar a conhecer durante cerca de dois anos a vida concelhia, é o primeiro a apresentar fundamentados estudos da história local ainda hoje fonte indispensável de consulta.

Até ao final do século ainda despontam mais oito semanários, como rebentos da Primavera no jardim da escolaridade. São eles: "A Religião da Mulher" que se dizia "religioso, noticioso e auxiliador do professorado" e foi o primeiro da nossa terras a ter direcção de uma mulher, Maria Emília de Oliveira, e difusão no Continente e Ilhas pela sua ligação à Escola.

"O Albergariense" e "Correio de Albergaria"

Muitos jornais surgiram, tendo mais difusão, interesse e mais longa vida, "O Albergariense" e "Correio de Albergaria". Ambos se compunham e imprimiam em tipografia própria, uma pequena unidade também ao serviço do comércio, da indústria e do público em geral.

Estes periódicos, são talvez a mais evidente demonstração de que o aumento da escolaridade gratuita entre os dois sexos teve resultados bastante rápidos apesar dos condicionalismos educacionais da época. As suas páginas de anúncios são repositório constante de incitamentos à leitura. Trazem frequentes aliciantes à compra de romances, obras históricas, atlas e enciclopédias e dicionários vendidos pelo correio.

Fonte: Albercultura (António Homem Albuquerque Pinho)

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