sexta-feira, 10 de julho de 2009

Adalberto Póvoa, produtor de leite


Hoje em dia já não é agricultor quem quer, mas quem sabe. Adalberto Póvoa, residente em Albergaria-A-Velha, tornou-se aos 37 anos um dos maiores produtores de leite da região de Aveiro.

Tudo começou há 20 anos com um pequeno estábulo familiar que foi erguido na freguesia rural de S. João de Loure para acolher 30 animais.

Adalberto Póvoa concluiu, na altura, o ensino secundário e rumou ao Instituto Superior Agrário de Santarém onde viria a tirar o bacharelato em produção agrícola e depois a licenciatura em engenharia agronómica.

Regressou à terra natal preparado para dar “continuidade” ao esforço dos pais, “sempre direccionado para a produção de leite”.

“Agarrei na exploração de uma forma empresarial”, recorda. Ampliou a área coberta, investiu em máquinas, equipamentos, animais e quotas leiteiras.

O resultado está à vista: 300 animais, dos quais 170 em ordenha (três vezes por dia) que produzem cerca de 150 mil litros por mês. O trabalho começa às 5:00 e termina pelas 22:00.

Para além das estruturas de apoio à actividade, preocupou-se em arranjar mão-de-obra qualificada. Entre os sete funcionários, contam-se vários técnicos formados pela Escola Agrícola e Desenvolvimento Rural de Vagos.

“Competividade e qualidade” são as palavras que resumem a sua aposta estratégica.

Apesar de recusar “dar passos atrás” perante os “muitos obstáculos” que a actividade enfrenta periodicamente, Adalberto Póvoa assume que “os tempos actuais são muito conturbados” no mercado do leite.

(...)

O leite nacional, mais caro, fica nas prateleiras. Os preços pagos ao produtor baixam e a rentabilidade das explorações fica posta em causa, com uma agravante: os custos de produção “não param de subir”. A soja, desde Janeiro 2007, subiu 55%. O preço do leite à produção de Novembro de 2007 a Agosto deste ano baixou 12,5% fixando-se actualmente nos 37 cêntimos.

Contas à parte, na casa agrícola Póvoa, que destina todo o leite à Proleite, associada da Lactogal, “o bem estar animal, o chamado maneio, é levado ao extremo”.

Ventoinhas arejam o ar e escovas onde as vacas se coçam, “tudo ajuda a melhor a produção”.

Produtos alimentares nutricionais avançados, com dietas para casos específicos, e tecnologias novas fazem parte do dia-a-dia. A informática é uma alfaia indispensável e a genética conheceu avanços muito significativos.

Não foi por acaso que uma das suas vacas venceu o grande prémio da Agrovouga em 2007 entre muitos outros concorrentes.

A exploração procura ser auto-suficiente em recria para evitar gastos com a aquisição de animais para renovar o efectivo. Uma vaca pode rondar 2.000 a 2.500 euros.

A base de alimentação, as forragens de milho, são produzidas em terrenos próximos, com um grande problema. Os 70 hectares encontram-se espalhados em vários locais, de pequena dimensão, que aumentam os custos. O processo de emparcelamento da região, considerado vital, “tem andado muito lentamente” mas vê-se finalmente “uma luz ao fundo do túnel”.

Selecção natural

Desde há 20 anos, muitos abandonaram a actividade, porque foram envelhecendo e não tiveram continuadores receosos de enveredar por uma actividade com muitos riscos.

“É uma selecção natural”, diz Adalberto Póvoa, salientando, ainda assim, a existência de “várias” explorações “de referência” na região. (...)

Fonte: Notícias de Aveiro

Foto: Ana Jesus Ribeiro

Sem comentários: