Virgílio Vasconcelos nasceu em 1938 em Albergaria-a-Velha. Não teve um berço de ouro. O pai fugiu para a Venezuela, deixando a mãe com três filhos pequenos nos braços.
Mas o seu jeito com as mãos e esperteza começaram logo a dar nas vistas na escola industrial. Aos 15 anos ganhou os prémios nacionais que distinguiam os melhores serralheiro artístico e torneiro mecânicos - e o qualificaram para concursos internacionais, que também venceu.
Foi desenhador e chefe de turno nos Amoníacos (Estarreja) e na ALBA, até que a tropa o chamou para Vendas Novas, de onde saiu sargento de artilharia e com guia de marcha para o GACA 3, perto de Espinho, onde conheceu e se apaixonou por Aida, com quem está casado há 44 anos.
A tropa uniu-os e separou-os, mas apenas provisoriamente. Ele fez o primeiro curso de Rangers e foi mobilizado para Angola, enquanto ela estudava secretariado de direcção em Guilford, Inglaterra.
Virgílio regressou da guerra, casaram-se, tiveram três filhos (André, Patrícia e João), mas como, para ele, "serem felizes para sempre" não contemplava trabalharem por conta de outrem, não descansou até montar o seu próprio negócio. Em 1977, com 39 anos, despediu-se e debutou como empresário a encher bisnagas de guaches e tubos de cola na garagem.
Aos poucos foi diversificando na produção de material escolar, começando a usar como matéria-prima a cortiça - ao fim e ao cabo estava no local onde bate o coração desta indústria.
Navegando à vista, ao sabor das oportunidades, comprou uma máquina de estampagem, que usou em T-shirts , mas não tardou até estar a estampar os logótipos da Taylors e da Corticeira Amorim em bases de cortiça para copos.
Foi quando se deu o clique. Virgílio achou por bem participar numa feira de artigos publicitários em Düsseldorf. A feira foi um sucesso estrondoso. Os clientes aguardavam em fila a vez de fazerem encomendas. Virgílio sabia que não tinha capacidade instalada para tanto pedido, mas aceitou-os todos. Comprou mais maquinaria, inventou uma maneira expedita de a desalfandegar a tempo de cumprir os prazos da enorme encomenda de bases de copos em cortiça com o logo do Deutsche Bank.
A Bi-Silque (em Esmoriz) foi crescendo ao sabor das necessidades de um mercado que recebeu bem os quadros de cortiça, para afixar recados e lembranças, que eles começaram a produzir. Em 1990, especializaram-se nos quadros. Primeiro só de cortiça, depois também de papel e de todos os materiais.
Em Esmoriz, a empresa detém duas unidades produtivas para os produtos de comunicação visual a operar em contínuo (tendo-se disponibilizado para receber funcionários que ficaram no desemprego devido ao encerramento da unidade da Yazaki de Gaia) e um armazém para os artigos da Hello Kitty.
A produção das fábricas deu origem a um volume de vendas de 42 milhões em 2008, sendo os restantes oito milhões de facturação consolidada oriundos da representação da marca Hello Kitty (empresa Bi-joy).
Este ano foi eleita a melhor PME de 2008, na categoria Madeira, Cortiça e Móveis, pela revista "Exame".
Fontes: DN / Ovar news / sapo / qmpresse / DN (Hello kitty)
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