terça-feira, 5 de outubro de 2010
Período de Implantação da República (1890-1910) - algumas ligações a Albergaria-a-Velha
Reacções ao Ultimato britânico de 1890
Ainda estudante de Medicina, no Porto, Manuel Marques de Lemos tomou parte activa no grande movimento nacional contra a Inglaterra em consequência do "Ultimato", tendo-se distinguido particularmente, durante a grande manifestação anti-britânica que percorreu as principais ruas de Albergaria, pelos discursos inflamados que proferiu em desafrontamento da "Honra da Pátria".
31 de Janeiro de 1891
A Revolta de 31 de Janeiro de 1891 foi o primeiro movimento revolucionário que teve por objectivo a implantação do regime republicano em Portugal. A revolta, que teve lugar na cidade do Porto, fracassou.
Alguns dos implicados conseguiram fugir para o estrangeiro. O Capitão Leitão procurou refugiar-se em Farminhão.
No percurso, ao passar por Albergaria-a-Velha, foi reconhecido no dia 1 de Fevereiro pelo Padre Manoel Lemos e entregue às autoridades locais.
"O capitão Leitão (...) que foi o último a abandonar o edifício da Câmara,apareceu no dia 1 de Fevereiro numa taberna de Albergaria-a-Velha, e quando se preparava para comer uma sopa foi reconhecido por um padre, que o denunciou."
Maio/Junho de 1910
O Dr. Alexandre Albuquerque, natural de Albergaria-a-Velha, que era deputado do Partido Progressista, foi obrigado a emigrar para o Brasil:
"Albuquerque era membro do Partido Progressista e feroz adversário de Afonso Costa quando publicou em "O Liberal", de 31.05.1910, violentas acusações contra o deputado republicano.
A questiúncula esteve na origem de um duelo travado em 6 de Junho de 1910. Xandre começou por ferir Afonso Costa no braço, mas o deputado republicano conseguiu ripostar e aplicou uma estocada no peito do Xandre, proeza que lhe valeu a vitória."
24 de Julho de 1910
Visita de D. Manuel II a Albergaria-a-Velha.
"(...) recorda-se ainda as presenças de D. Manuel II no Buçaco em 1910. A primeira vez no Verão desse ano, para uma demorada estadia (em que aproveitou para visitar várias terras, entre elas Águeda e Albergaria-a-Velha), e em que acolheu a actriz e bailarina francesa Gaby Deslys, que tinha conhecido em Paris meses atrás, e com quem encetara um romance amoroso.
A segunda vez para presidir às comemorações do centenário da batalha do Buçaco, em que esteve presente o Duque de Wellington."
4 de Outubro de 1910
Em 4 de Outubro tinha-se realizado a última sessão ordinária da Câmara Municipal no regime monárquico. Era presidente, Bernardino Máximo de Albuquerque e vice-presidente, António Domingues Pinto.
A acta desta sessão já não foi assinada pelos que nela estiveram presentes, mas pela nova vereação que só se reuniu no dia 12 de Outubro, como: " Comissão Republicana Municipal do Concelho de Albergaria-a-Velha" sob a presidência do Dr. Manuel de Lemos.
O novo regime entrou pacificamente, mas algum tempo, depois, iniciaram-se perseguições e prisões que se mostraram sem fundamento.
Novo presidente da Câmara Municipal
Manuel Marques de Lemos, que ocupara o lugar de vereador no regime monárquico, foi o primeiro Presidente da Câmara, após a implantação da República, ao fazer parte da Comissão Republicana Municipal nomeada pelo Governador Civil do Distrito, tendo tomado posse a 12 de Outubro de 1910.
Apesar da época de mudança, necessariamente conturbada, o seu curto mandato, de cerca de meio ano, foi moderado e a sua deliberação de rever a toponímia da Vila, apesar das radicais pressões políticas, fez-se, no cômputo geral, de forma criteriosa de modo que ainda se mantêm, na sua maior parte, os nomes dados então às ruas.
Fontes: Novos Arruamentos / "Gente Ilustre em Albergaria" e “Albergaria-a-Velha – Oito Séculos do Passado ao Futuro” de Dr. António Homem Albuquerque Pinho / Sivispacem / Guitarra de Coimbra / "D. Manuel II e Aveiro" de Armando Tavares da Silva
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1 comentário:
O lançamento do “Roteiro Republicano de Aveiro” da autoria de Flávio Sardo e António Neto Brandão será feito no próximo dia 14 de Outubro, pelas 18.30 horas:
“Quando chegaram a Aveiro os rumores da Revolução de 5 de Outubro, em Lisboa, “o berço da liberdade – assim se referia a cidade de Aveiro – não se manifestou, não veio à rua de armas na mão, em defesa ou das velhas instituições ou da causa da República.” (O Campeão das Províncias, n.º 6001)
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