Natural de Albergaria pertencia à família da célebre e bi-centenária Estalagem dos Padres. Era um artista: desenhava, pintava e era fotógrafo amador quando esta arte dava os primeiros passos no País.
Foi grande animador e criador dos carnavais de Albergaria, no primeiro quartel deste século, quando eram os mais célebres de todo o Distrito. Criou, ensaiou, representou e fez cenários para os grupos de teatro dessa época, os quais eram uma marcante e quase única actividade cultural e aglutinante da sociedade regional.
Em 1896, com 25 anos, fundou e dirigiu o jornal "Correio d'Albergaria" que durou até 1908. Neste jornal, e ainda nos finais do século passado, desenvolveu uma longa campanha ecológica contra a poluição do Rio Caima feita pela fábrica do Carvalhal que começava a matar o rio e os campos marginais.
No jornal lançou a ideia de uma manifestação no centro da vila que aglutinou as gentes ribeirinhas para a defesa do rio e obteve um tal impacto que obrigou o Governo Civil de Aveiro com forças policiais a impedir tal manifestação. Há 90 anos, a sua preocupação era acertada - o rio hoje está morto.
Lançou a primeira colecção de 14 postais ilustrados de Albergaria, em 1908, com clichés [fotos] por ele realizados em 1907 e 1908 e mandados imprimir em Paris.
Dedicou-se à busca de documentos sobre a história da região, muitos dos quais publicou no "Jornal de Albergaria", bem como publicou um pequeno volume, no começo do século, sobre o Convento de Serém e as ligações constantes dos seus frades com Albergaria. Foi tesoureiro de Finanças em Albergaria e em outras vilas e cidades.
Faleceu no Hospital de Águeda, em 1939 e o seu corpo está em Jazigo Familiar, em Albergaria-a-Velha.
Fonte: António Homem de Albuquerque Pinho, "Gente Ilustre em Albergaria-a-Velha"
2 comentários:
O Rio Caima hoje está morto como morto está este País. Fala-se muito em preservar o ambiente mas pouco se faz e o pouco que se faz é sempre envolto em grandes negociatas.
CPF
Então mas o rio não foi despoluido há uns anos?! Pelo menos as águas em Vale Maior passam límpidas. Ou parecem límpidas...
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