Foi no dia seis de Abril, que os alunos do 6º ano viajaram até aos inícios do século XX, mais propriamente aos tempos do nascimento da República.
Era este o mote, a comemoração do centenário da República, e para tal, o Dr. Delfim Bismarck, historiador da nossa terra, presenteou os alunos com fotos das vivências do nosso concelho referentes à época.
A notícia da queda da Monarquia em Albergaria-a-Velha
Iniciou a sua palestra com uma breve introdução sobre a queda da Monarquia e a implantação da República, cuja notícia chegou a Albergaria pelas onze da manhã do dia 6 de Outubro de 1910.
Contudo, só no dia seguinte, “diversos populares promoveram uma manifestação ruidosa, percorrendo as ruas da vila ao som da “ Philarmónica Albergariense, tocando "A Portugueza", enquanto no edifício dos Paços do Concelho, se içava a bandeira Republicana e nos ares se queimavam dezenas de foguetes, ao som estridente de calorosos vivas à República. (In Correio de Albergaria).
Há, no entanto, outra versão de Patrício Theodoro Álvares Ferreira, administrador do Concelho de Albergaria-a-Velha em 1910 e que veio a ser futuro Presidente da Câmara (1924-25), que nos diz que "no dia 7 de Outubro, às quatro e um quarto da tarde alguns rapazes içaram uma bandeira republicana na Casa da Câmara e atiraram uns poucos de foguetes. Neste dia ainda se não havia aclamado a República em Albergaria. Os mesmos promoveram uma tocata pelas ruas da vila. Houve uma subscrição para este fim."
Interessante foi o facto de alguns monárquicos aderirem de imediato à causa republicana, como foi o caso de uma família que publicava um jornal em Albergaria (cujo chefe exercia a função de relojoeiro) e apareceu logo a exercer o cargo de presidente da Junta de Freguesia, substituindo o pároco que, na Monarquia, desempenhava essa função, pois existia a chamada Junta de Paróquia que funcionava em algumas terras num espaço anexo à igreja.
A propósito da imprensa, soubemos que, nesse tempo, no concelho de Albergaria se publicavam dois jornais: “A Voz D’Angeja” e “Correio D’Albergaria”.
Albergaria, como todas as terras, foi mudando, mas já no início da República era um local estratégico, pois passavam aqui as estradas reais Lisboa/Porto e Aveiro/Viseu.
Vimos edifícios que já não existem e outros em que funcionaram o Hotel Vouga e o Hotel Costa. Era também muito importante a Casa Central, que corresponderia nos nossos dias a uma grande superfície, pois nela tudo se vendia. Muitos dos nomes das ruas desapareceram com a implantação da República, tendo sido atribuídos outros nomes, relacionados com figuras políticas do novo regime.
Ainda temos na nossa vila o edifício que, actualmente, é a biblioteca municipal e que foi uma das primeiras escolas primárias da nossa vila, mandada construir pelo conde Ferreira, natural do Porto, que terá criado em todo o país cerca de duzentas.
A existência de uma Banda Filarmónica nesta vila e os festejos do Carnaval deram a esta terra nome, trazendo também visitantes, já que o Carnaval tinha aqui tradição importante.
A inauguração do caminho-de-ferro, em 1910, passou a trazer muitos visitantes a Albergaria-a-Velha. Sabe-se que num destes intercâmbios entre Santa Maria da Feira e Albergaria-a-Velha se organizou uma excursão promovida pela Tuna Feirense a qual trouxe a Albergaria cerca de quatrocentas pessoas.
As fotos do vestuário das senhoras ricas e do povo que trabalhava os campos mostram a diferença de classes, que ao longo dos tempos se veio esbatendo.
A presença dos franceses que mandaram construir a fábrica de papel de Valmaior, sendo inicialmente aproveitada a caruma e os trapos para tal finalidade, é hoje ex-libris daquela localidade, apesar de actualmente estar desactivada. Foram ainda apresentados os primeiros carros de famílias abastadas deste concelho, que eram cerca de cinco na altura.
Fonte: Armindo Alves em AEAAV (adaptado)
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