quarta-feira, 20 de junho de 2012

O destino do Castelo e Palacete da Boa Vista após a morte de João Patrício Álvares Ferreira


Após a morte de João Patrício Álvares Ferreira, em 1922, sem geração, a propriedade [do Castelo e Palacete] da Boa Vista foi dividida em virtude de parte da mesma ser da herança indivisa de sua mãe D. Matilde Angélica Álvares de Carvalho.

Assim, depois de alguns anos em que o caso percorreu os tribunais, coube à viúva, D. Henriqueta Guilhermina Severim de Avelar Álvares Ferreira, o palacete e a quinta da Boa Vista, ficando a parte do castelo (torreão) para a posse de seu irmão e sobrinho, Patrício Theodoro Álvares Ferreira e Delfim Álvares Ferreira. (...)




Década de 30

A parte composta pelo palacete e pela quinta da Boa Vista, foi depois deixada em herança por D. Henriqueta Guilhermina Severim de Avelar Álvares Ferreira, por escritura de 16 de Outubro de 1935, ao médico Dr. Gualberto Moniz Vargas e sua mulher D. Georgina Moniz Vargas, residentes no Arco do Cego, n.º 49, em Lisboa.

Estes, por sua vez, venderam em Dezembro do mesmo, por 70.000$00, à Câmara Municipal de Albergaria-a-Velha. Passou depois, por alguns anos, a servir de armazém de materiais, permanecendo a restante parte encerrada.


Anos 40

Posteriormente, na década de 40, ai foi fundado e instalado [no Palacete] o Colégio de Albergaria, sob a Direcção do Dr. Afonso Henriques Pereira e Dr. Armando Marques da Silva.

Década de 50

Em data anterior a 1954, a municipalidade vendeu esta parte [Palacete e Quinta], pelo valor de 351.000$00, ao Dr. Bernardino Corrêa Telles de Araújo e Albuquerque, Juiz de Direito aposentado (antigo Presidente da Câmara de Albergaria-a-Velha de 1934 a 1945), que a vendeu em 6 de Agosto de 1958, por 400.000$00, a Artur Martins de Almeida, proprietário, emigrante recém regressado a Albergaria-a-Velha.

Este, por sua vez, aí teve temporariamente residência, um restaurante no primeiro andar do palacete, e depois arrendou o rés-do-chão à Sociedade de Padarias Beira Vouga, Ld.ª.


(...)  quando Artur Martins de Almeida adquiriu o palacete e a quinta, pretendeu comprar a parte acastelada para poder unificar a totalidade da propriedade.

Nessa altura, acompanhado do Prof. Eduardo Nunes Marques, apresentou-se a Delfim Álvares Ferreira indagando do interesse deste alienar aquele imóvel. Foi-lhe então pedida a quantia de 50.000$00, verba que foi achada exagerada saindo gorado o negócio.

No entanto, passado pouco tempo, o pequeno muro que separava o salão do terraço do castelo foi derrubado e iniciar-se-ia uma ocupação [ilegal] da parte acastelada.


Da década de 60 à década de 90

A Sociedade de Padarias Beira Vouga, Ld.ª  veio a adquirir o imóvel em 10 de Abril de 1964, pelo preço de 610.000$00, mantendo as instalações da sua padaria no rés-do-chão, alugando parte do primeiro andar e mantendo igualmente a sua sede numa dependência do primeiro andar.


Após 1999

Já em 1999, foi a vez da Câmara Municipal voltar a adquirir o palacete e quinta da Boa Vista, mantendo desde então o imóvel encerrado, e utilizando a parte da quinta apenas numa ocasião por ano para aí organizar o “Albergaria Convida”, uma espécie da “Feira das Tasquinhas”. (...)

Numa época em que se iniciaram as obras da sua conversão na futura Biblioteca Municipal de Albergaria-a-Velha, esperamos que não venha apenas a ser o início do fim, ou seja, que a sua descaracterização promovida pela autarquia não venha a ser tão exagerada que retire ao edifício as suas características únicas, quer ao nível da fachada como do seu interior.

Fonte: Dr. Delfim Bismarck Ferreira, "O Castelo e Palacete da Boa Vista, em Albergaria-a-Velha" (nº 8 da Revista Patrimónios, da ADERAV / Abril 2011) [Adaptado]

1 comentário:

glb disse...

https://arquivo.cm-albergaria.pt/index.php/pt-cmalb-ni-cra-cra2-195