sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Arte Nova – Outros exemplos de Arte Nova em Albergaria-a-Velha

Portal junto à Casa Alameda

Logo adiante do restaurante “Alameda”, com o nº 10, uma vivenda afastada da estrada e que parece aproximar-se do projecto da casa do António Pinho, não pode deixar de ser citada. Se as cantarias e as linhas fundamentais denunciam uma obra de bom gosto, também os gradeamentos dela apontam nesse sentido, a começar pelo magnífico portal, todo em ferro forjado e de excelente desenvolvimento floral e linear que é, só por si, uma bela obra. Este, com outros portais do seu género, subentende uma oficina de boa mestria que importaria levantar do anonimato albergariense.

Ainda dentro do espaço da vila, a casa da rua Almirante Reis nº1, pertencente também à família Vidal, é igualmente apontada como projecto de Viriato Vidal. Nada, porém, em termos estilísticos, aproxima este projecto do outro que lhe é atribuído, pois há neste um sentimento nostálgico de influências mouriscas ou pelo menos orientais, nos arcos e arcaturas graníticas que se desenvolvem na fachada da rua Mártires da Liberdade e no espaço da escadaria.

De resto, ressaltam nessa fachada, com suas janelas geminadas, e na escada, com os amplos arcos a lembrarem “arcos em ferradura” e os círculos vazados em S, os melhores apontamentos de uma arquitectura igualmente singela mas ousada. O portão e outras pequenas grades inserem-se na época e no dominante do estilo. Mais pobre é a fachada norte, bem como a voltada a oeste.

Casa Verde

Rua Mártires da Liberdade

Logo ao lado, mas já na rua Mártires da Liberdade nº 30, há uma pequena vivenda que se pode dizer ecléctica, mas nela importa ressaltar a ornamentação dos “aventais” das três janelas altas (e a porta é ainda mais alta), em círculos relevados e, ainda, o friso alternante de azulejo, na platibanda, coroada de efeitos graníticos pouco usados no espaço urbano de Albergaria.

Rua do Hospital

Já na saída para o Porto, na rua do Hospital nº 13-13ª, subsiste uma ampla construção semi-abandonada, cujas linhas fundamentais se inscrevem no formulário da interpretação popular arte nova, embora tardia, com a data de 1920. As estruturas, porém, e mesmo as ferragens utilizadas não revelam a riqueza de materiais que se patenteiam nas referências anteriores que aqui são deixadas.

Arte Funerária

Por último, fica um registo sobre a arte funerária, pois, tal como noutras povoações mais ricas, também nesta vila se procurou responder ao “novo estilo”. São visíveis essas manifestações na parte mais antiga do cemitério, nomeadamente no terceiro mausoléu da ala norte, após a “avenida” do meio (sem qualquer elemento identificador de propriedade) e o mausoléu da família Gonçalves, mais parecendo que este segue, de perto, o modelo traçado por Korrodi para o cemitério de Aveiro. Nas ferrarias há apontamentos graciosos, nomeadamente um tipo de portal que se repete em quatro mausoléus seguidos, na ala sula, simples mas muito bem desenvolvido.

Fonte. Amaro Neves, “Arte Nova em Aveiro e seu Distrito” (adaptado)

Colaboração: Dra. Nélia Oliveira (fotos)

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