sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Manuel Guimarães (1915-1975), Realizador de Cinema


Manuel Guimarães, aliás Manuel Fernandes Pinheiro Guimarães de seu nome completo, nasceu a 19 de Agosto de 1915 em Valmaior (freguesia de Albergaria-a-Velha). Depois de ter concluído o Curso Geral dos Liceus, seguiu o de pintura, em 1931, na Escola de Belas Artes do Porto. Foi, a partir de 1936, decorador teatral, ilustrador, caricaturista e desenhador de cartazes de cinema.

Iniciou a sua actividade cinematográfica como assistente de alguns dos mais conceituados realizadores da época, como Manoel de Oliveira (em "Aniki Bobó", de 1941), António Lopes Ribeiro, Jorge Brum do Canto, Arthur Duarte e Armando de Miranda.

Foi Director Artístico do filme "Bola ao Centro" em 1947. Em 1948 começa a preparar o notável documentário que lhe daria o Prémio Paz dos Reis: "O Desterrado", biografia do escultor Soares dos Reis.


Em 1951 estreia-se na rodagem de filmes de fundo com "Saltimbancos", filme de correcta factura inspirado num certo populismo vindo do neo-realismo italiano, e que lhe valeu, por essa altura, o epíteto de realizador neo-realista. Mas os filmes que dirigiu depois, passados entre o povo com o intuito de dar um retrato verdadeiro da sua vida e dos seus problemas, acentuando o lado social, não tiveram talvez a força e a inspiração de "Saltimbancos".

É considerado como um dos mais importantes realizadores portugueses de cinema. A sua obra foi, no entanto, prejudicada pela ditadura salazarista, que o impediu de levar a bom termo os seus propósitos artísticos (o seu filme "Vidas sem Rumo" foi bastante censurado, impedindo a sua correcta divulgação) .


Principais obras:

"O Desterrado" (1949), documentário de curta-metragem sobre a vida e a obra do escultor Soares dos Reis (Prémio Paz dos Reis)
"Nazaré" (1952), com argumento do escritor neo-realista Alves Redol, retratando a vida e hábitos dos pescadores da Nazaré,
"A Costureirinha da Sé" (1958)
"Crime de Aldeia Velha" (1964), adaptação da peça homónima de Bernardo Santareno
"O Trigo e o Joio" (1965), adaptação do romance de Fernando Namora










Fontes: Fotoblogue de Paulo Borges / wikipediaNovo Cinema Portugues / sound--vision.blogspot / Paulo Borges Blogue Pessoal / Costa do Castelo

8 comentários:

Anónimo disse...

Em 28/03/2007, o vereador da Câmara Municipal de Lisboa, José Amaral Lopes, propôs a atribuição de Rua Manuel Guimarães a uma das vias da cidades (consagração do topónimo Manuel Guimarães, à Rua D à Avenida Maria Helena Vieira da Silva)

http://www.cm-lisboa.pt/docs/ficheiros/P_109.doc

E em Albergaria-a-Velha alguém sabe que "Manuel Fernandes Pinheiro Guimarães, nascido em 19 de Agosto de 1915, em Valmaior, no concelho de Albergaria-a-Velha, se formou na Escola de Belas-Artes do Porto (...) [e] se radicou em Lisboa a partir de 1943"

Anónimo disse...

Filmografia:

O Desterrado (1949)
Saltimbancos (1951)
Nazaré (1952)
Vidas Sem Rumo (1956)
As Corridas Internacionais do Porto (1956)
XXX Volta a Portugal em Bicicleta (1957)
O Porto é Campeão (1956)
A Costureirinha da Sé (1958)
Barcelos (1961)
Porto, Capital do Trabalho (1961)
Bi-seculares (1961)
Crime de Aldeia Velha (1964)
O Trigo e o Joio (1965)
Artes Gráficas (1967)
O Ensino das Belas-Artes (1967)
Porto, Escola de Artistas (1967)
Tapetes de Viana do Castelo (1967)
Tráfego e Estiva (1968) - primeiro filme português em 70mm
António Duarte (1969)
Fernando Namora (1969)
Resende (1969)
Viagem do TER / Expressos Lisboa-Madrid (1969)
Areia, Mar - Mar, Areia (1970)
Cântico Final

Anónimo disse...

"Cântico Final" foi concluído pelo seu filho Dórdio Guimarães, igualmente realizador, que foi casado com a poetisa Natália Correia

Blogger disse...

No ano em que se celebram 60 anos da produção de "Saltimbancos", a primeira longa-metragem assinada por Manuel Guimarães (1915-1975), o caso mais singular do cinema português da década de 1950, o grupo Correntes Artísticas e Movimentos Intelectuais do CEIS20 – Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX da Universidade de Coimbra decidiu assinalar este efeméride com um colóquio e um ciclo de cinema dedicado à figura e à obra de Manuel Guimarães.

O colóquio, que decorreu no dia 12 de Maio, na Sala de Conferências do CEIS20, contou com o contributo de investigadores nacionais e internacionais especialistas em cinema português e na obra de Manuel Guimarães.

O ciclo de cinema, que decorreu no TAGV, nos dias 11 e 12 de Maio, a partir das 21h30, incluiu duas sessões onde forma exibidos dois dos filmes mais importantes da obra de Manuel Guimarães:

Saltimbancos (1951)
Vidas sem rumo (1956)

Blogger disse...

7-01-2011

Ciclo de cinema de Manuel Guimarães, em Alenquer

Ao longo de todo este mês de Janeiro, na Biblioteca Municipal de Alenquer decorrerá um ciclo de cinema dedicado a Manuel Guimarães. Todas as sextas-feiras vamos ter um filme e no dia 28, uma mesa redonda sobre o realizador e a sua obra.

Hoje (7-1-2011) passou «Saltimbancos», de 1952, com Artur Semedo; dia 14 passará «O Trigo e o Joio», baseado na obra homónima de Fernando Namora, e a 21 é a vez de «Nazaré».

É este um cinema votado ao esquecimento nos dias de hoje, porque se enquadra numa estética que está, infelizmente, completamente fora de moda, o neo-realismo.

Surge como alternativa às tradicionais comédias, e vai abrir caminho ao chamado «cinema novo», que terá o seu ponto alto nos anos 60.

http://a-de-mar.blogspot.com/2011/01/ciclo-de-cinema-de-manuel-guimaraes-em.html

Anónimo disse...

Pena não ter vivido mais alguns anos para saborear a verdadeira liberdade que hoje nos parece coisa normal. No entanto, a liberdade é preciosa e não tem preço. A liberdade de expressão é um bem valioso que nos permite ser verdadeiros, autênticos, reais, sérios, honestos e demonstrarmos uma diginidade que acima de tudo revela a nossa personalidade e idealismo. Sentir e não poder revelar esse sentimento, ter uma ideia e não poder expressar, querer falar, gritar, chamar ou responder e não poder fazê-lo por questões ou impedimentos fascistas e dominadores na época, fez com que os artistas tivessem que lutar para conseguir encobrir as suas ideias em formas indiretas de transmitir algo que não fosse objeto de censura indescriminada. Quem viveu antes do 25 de Abril e suportou o regime de ditadura que vigorou até essa altura, sabe reconhecer a sorte que têm todos aqueles que nasceram em liberdade. É bom saber e é absolutamente necessário reconhecer que Manuel Guimarães foi um dos grandes heróis de Abril, ele conseguiu, através da sua conduta, persistência, árdua luta, profissionalismo e vontade de vencer, inspirar muitos daqueles que tornaram possível o milagre. Hoje, sinto-me muito feliz por ver um Portugal livre, sei que durante este dia tão especial para a nação, o meu querido tio-avô Manuel Guimarães esteve lá em cima algures a olhar para nós cá em baixo. Para todos aqueles, que através das suas excelentes obras cinematográficas ou de ficção, ajudam a desenvolver novos talentos para a sétima arte do nosso tempo, desejo que possam, durante toda eternidade, usufruir desse bem tão precioso que em inglês se diz; "freedom". Todos queremos ser livres, viva a liberdade, viva o 25 de Abril, viva Portugal.

Leonor Areal disse...

Gostaria muito de conhecer o sobrinho-neto de Manuel Guimarães... Se puder contactar-me, agradeço: [leonor(ponto)areal(arroba)gmail(ponto)com]

Deixo aqui ligação para este ensaio:
Um neo-realismo singular: o cinema de Manuel Guimarães, por Leonor Areal
http://www.livroslabcom.ubi.pt/pdfs/20110118-frederico_lopes_cinema_em_portugues.pdf (atenção, tem gralha: são 8 longas-metragens e não 7)

Anónimo disse...

Há muito que a box com os filmes de Manuel Guimarães desapareceu do mercado pelo que já seria tempo de ser reeditada para não ser necessário andar a recorrer a cópias piratas para dar a conhecer o cinema dele às novas gerações.