A actividade teatral em Albergaria-a-Velha remonta à segunda metade do século XIX, mais concretamente ao ano de 1870. O primeiro teatro em Albergaria-a-Velha funcionou numas casas baixas na Rua de Santo António, pertencentes às Senhoras D. Maria Tomázia Henriques Ferreira e D. Perpétua Henriques Ferreira. Organizou-se para isso uma pequena sociedade recreativa de que foi iniciador e organizador Patrício Theodoro Álvares Ferreira.
Os principais elementos deste grupo, além de Patrício Theodoro, que também era ensaiador, desta sociedade dramática foram José da Silva Vidal que tomou a seu cargo adaptar a casa ao teatro.
José Vidal foi incansável em criar as condições necessárias à realização dos espectáculos, já que levantou o palco e fez em volta da plateia uma galeria, a qual servia principalmente para as senhoras que o frequentassem.
Arranjou também bancos para a plateia e pintou o pano da boca, para além do cenário, “vista de campo e de casa”.
Nessa tarefa, foi ajudado pelo secretário que foi da Administração do Concelho Joaquim Augusto de Novaes. Esta casa de espectáculos funcionou durante cerca de oito anos.
Para além destes, vários outros elementos compunham este grupo de teatro: João Marques Pires de Miranda, ajudante de seu pai, o escrivão tabelião José Marques Pires; José Mathias dos Santos, João Rodrigues Ferreira da Silva e José Augusto Henriques Pinheiro (filho de José Pinheiro Cabaço, de Arrancada do Vouga, veio ainda rapaz com pai para Albergaria-a-Velha, onde este veio exercer o cargo de Escriturário de Fazenda).
Foi durante alguns anos regente da música de Albergaria-a-Velha – Philarmónica Albergariense – no que mostrou grande habilidade fazendo-a por várias vezes realçar e vencer alguns certames que se tornaram célebres, um principalmente com a música de Águeda no Santo Inácio da Mourisca do Vouga.
Representavam também neste primitivo teatro, entre outros, o Dr. Alexandre de Sousa e Melo, já formado em direito, o qual desempenhou uma cena cómica “O meu museu”, vestido de robe de chambre e com um papagaio empalhado na mão.
Também ali representaram: o Dr. José Pereira Lemos, Médico, de Alquerubim; o Escrivão da Fazenda de Albergaria, Alberto Eduardo de Sousa, de Aveiro; o Farmacêutico Francisco Marques de Lemos “Francisco da Botica”; José Pereira Vidal “Cajú”, pai de João Olímpio da Silva Vidal do Palace Garage Hotel; o Tenente Jacinto Inácio de Brito Rebelo, natural da Ilha de São Miguel, que casou duas vezes em Albergaria-a-Velha, entre outros.
Das actrizes amadoras, destacaram-se: Ana Terceiro “a Carona”; Joana Costa “Joana da Sernada”, que morou na Rua da Gaia, junto da via-férrea; e Elisa Mathias dos Santos, que já tinha representado em Aveiro e no Porto, a qual era considerada uma actriz de merecimento.
Nas peças em que não haviam actrizes, representavam esses papeis os rapazes vestidos de mulheres. E assim desempenhavam alguns papéis: Manuel de Oliveira Campos, pai de Alfredo Campos; João Rodrigues Ferreira da Silva “João da Afonsa”, pai de Francisco Pires de Miranda Ferreira da Silva, e José Pinheiro, pai de Emília Pinheiro.
Mais tarde, já na primeira metade do século XX, grupos teatrais como “Ala Nova”, “Catões” e “Malmequeres”, viriam a ter grande sucesso ao animar culturalmente Albergaria-a-Velha.
Texto: Dr. Delfim Bismarck Ferreira (adaptado)
(em "Portal de Albergaria")
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