quarta-feira, 14 de setembro de 2011

António Fortunato de Pinho (1874-1958)

Nasceu em Albergaria-a-Velha, em 15 de Abril de 1874, filho de famílias tradicionais, pois um ascendente da parte de sua mãe foi morto pelos Franceses da 2ª Invasão na luta de guerrilhas travada pelos albergarienses contra os invasores, e um ascendente da parte de seu pai participou nas "Lutas Caseiras" como membro das milícias da Companhia de Ordenanças.

Estudos

Fez estudos secundários no Liceu de Aveiro e o Curso de Direito na Universidade de Coimbra. Iniciou a sua longa e densa vida de advogado em 1897, profissão em que, durante mais de meio século serviu as populações da Comarca de Albergaria-a-Velha e confinantes.

Também durante esse tempo foi orador oficial em numerosíssimas cerimónias públicas, graças à sua palavra serena, à sua cultura e à sua voz timbrada e sonora.

Cargos públicos

Por três vezes, e em curtos períodos, desempenhou o cargo de Presidente da Câmara, tendo sido no seu último mandato, em 1926, que se deliberou a instalação da energia eléctrica na vila, a qual, no ano seguinte foi inaugurada.

E foram os únicos cargos públicos e gratuitos que desempenhou por nunca ter querido deixar Albergaria onde sempre viveu e onde mandou construir a sua bela residência, em "Arte Nova" no centro da vila.

Perseguições políticas

Apenas em duas ocasiões, deixou a sua terra, por perseguição política: uma porque foi preso sem culpa formada até ser devolvido à liberdade, juntamente com outros presos políticos, o que lhes valeu uma recepção calorosa em Albergaria, a outra teve mesmo de abandonar o Pais por mais de um ano para não ser de novo preso.

Associação dos Bombeiros Voluntários

Foi o fundador, o animador e o sustentáculo durante bastantes anos da Associação dos Bombeiros Voluntários, aos quais, logo de início fez equipar e organizar como os melhores do Distrito. Tendo-a abandonado face a desentendimentos diversos com a construção do Quartel, voltou, uma dezena de anos depois, para a revitalizar a convite e na companhia de Américo Martins Pereira e Evaristo Ferreira.

Colaboração com os Jornais locais

Foi um jornalista local em contínua actividade, quer em artigos de opinião, polémicas e críticas, quer em crónicas da vida local ou da história do Concelho.

Durante 60 anos colaborou em diversos jornais, desde o "Correio de Albergaria", ainda no final do século passado e que dirigiu de 1901 a 1908, até ao "Jornal de Albergaria", passando pela "Gazeta", "Vouga" e "Brisa".

Monografia "Albergaria-a- Velha e o seu Concelho"

Tendo-se dedicado ao estudo da história da nossa terra, publicou a erudita monografia "Albergaria-a- Velha e o seu Concelho", em 1944 a qual, ainda hoje é fundamental repositório de elementos para o conhecimento do nosso passado comum.

Publicou ainda outros estudos de divulgação do Concelho em diversas publicações, nomeadamente no "Arquivo do Distrito de Aveiro".

Falecimento

Faleceu, serenamente, a ler o jornal da manhã, no seu escritório, com 84 anos.

Fonte: "Gente Ilustre em Albergaria-a-Velha", António Homem de Albuquerque Pinho (n/ intertítulos)

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