quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

João Ferreira Pinto (1895-1961)


João Pinto, comerciante, artista e professor de liceu, nasceu em Albergaria-a-Velha, no Largo Rainha D. Teresa, nos finais do século XIX e aqui decorreu toda a sua vida. Feitos os primeiros estudos, seguindo a tradição familiar, ingressou na morna vida comercial do marasmo albergariense. Mas o seu espírito era o de um artista que, noutro meio, estaria fadado para voos diferentes. Muito jovem ainda, envolveu-se nos grupos culturais da vila e fez parte da Filarmónica, onde aprendeu música e de que veio a ser, mais tarde, regente. Ainda fez parte do grupo "Os Modestos", começando aí a sua faceta teatral.

Na segunda década do século XX é um dos fundadores e o principal animador do grupo "Pró-Albergaria", uma sociedade dramática e musical que vai ter grande projecção cultural, animando serões em Albergaria e povoações vizinhas e mesmo nos concelhos limítrofes. Ele é maestro, compositor e também notável intérprete e ensaiador teatral.

Em 1925 era director da Empresa do Cine-Teatro que ergueu a primeira, bela mas inacabada, casa de espectáculos que houve na vila. Funda então o "Orfeon de Albergaria" de que é regente e ensaiador, distinguindo-se de novo em festas e saraus. Tocava vários instrumentos musicais, mas era sobretudo excelente executante de violoncelo.

Entretanto foi colaborador assíduo, quer em prosa quer em verso, dos periódicos locais, nomeadamente do "Jornal de Albergaria", "Gazeta de Albergaria", "A Gazeta" e "Beira-Vouga", tendo-se distinguido especialmente nas gazetilhas nas quais ironicamente gozava os pequenos "faits divers" da vida local, assinando "Tojon Pião".

Foi co-fundador da Associação dos Bombeiros Voluntários de Albergaria-a-Velha (1925), secretário da Assembleia Geral do Sport Clube Alba (1941), Vogal da Comissão Municipal de Arte e Arqueologia de Albergaria-a-Velha (1954) e proprietário de uma tabacaria e livraria.

Era ainda pintor e paisagista, usando especialmente o carvão, processo então em moda. Foi professor de Desenho dos alunos do Colégio de Santa Cruz, o primeiro que existiu em Albergaria, entre 1927 e 1935 e posteriormente no recém-fundado Colégio de Albergaria.

Era um espírito alegre, crítico e sadio, cheio de bonomia, que viveu metade da sua vida honrada e modestamente como correspondente bancário, esquecido do seu valor que podia ter voado bem mais alto.

Faleceu em 20 de Junho de 1961 em Albergaria-a-Velha.

Fontes: "Gente Ilustre em Albergaria-a-Velha" de António Homem de Albuquerque Pinho / "Albergaria-a-Velha 1910-da Monarquia à República" de D. Bismarck Ferreira e R. Vigário

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