sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

Casa da Alameda (I)


Começou por ser conhecido como “Hotel Costa”, o estabelecimento comercial de Bernardino Maria da Costa (1878-1948), localizado na Rua do Hospital, que, desde 1905, se dedicava à hotelaria, restauração e comércio de diversos bens e géneros, sendo de realçar a compra e venda de vinhos para Angola.

Em 1911 viria a mudar-se para o novo Largo da Estação (Avenida Vale do Vouga). A publicidade da época fazia referência a Armazém de Vinhos, Mercearia e Cereais, por Junto e a Retalho (em frente à estação do Vale do Vouga).


O filho Fausto Vidal (1904-1981) e a esposa Beatriz Guimarães deram maior notoriedade ao estabelecimento, que inicialmente foi conhecido como “Pensão Restaurante Albergaria” e, mais tarde, como “Casa da Alameda”.

Há uns anos, alguém, longe daqui, identificava Albergaria-a-Velha pelas saborosas sandes de carne assada que comia na Casa da Alameda. Antigamente, e quando os jogos eram impreterivelmente às três da tarde, era na Alameda e no seu motel que pernoitavam inúmeras equipas nas suas deslocações ao norte: Estoril, Covilhã, Farense, Guarda, etc. E de ciclismo. Joaquim Agostinho e outros ciclistas do Sporting também estagiaram em Albergaria-a-Velha e concentravam-se na Alameda.


A Casa da Alameda impunha-se nos roteiros gastronómicos não só pela excelência da sua cozinha, mas também pela afabilidade e familiaridade do seu serviço. E ainda não só pela nobreza senhorial do seu salão e da pensão, como pela rusticidade da sua adega.

Fausto Vidal e sua esposa, D. Beatriz, conferiam o cunho do seu profissionalismo, acomodado a uma peculiar arte de bem receber, a um estabelecimento que sempre gozou de justo renome nacional.


Parece que a Casa da Alameda vai acabar. Só podemos dizer que é pena, pois é um pedaço, e muito grande e significativo de Albergaria-a-Velha que se esvai. E vão ficando apenas as recordações, pois não se vê que surjam outras instituições a substituir estes baluartes da nossa memória colectiva.

Fontes: Artigo de Dr. Mário Jorge Lemos Pinto em Jornal de Albergaria (28-04-2009) (texto principal) / "Albergaria-a-Velha 1910 ..." de Delfim Bismarck e Rafael Vigário


A actividade sempre foi exercida em nome individual, tendo após o falecimento de Fausto Vidal, no início da década de 80, sido prosseguido o negócio como “Fausto Vidal Herdeiros” sob a liderança do filho José Carlos Vidal e pela esposa, D. Margarida.

Em 2018 foi atribuído pela Câmara Municipal de Albergaria-a-Velha a Medalha de Mérito Municipal – Grau Prata.

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