segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Fabrico de curtumes, calçado, chapéus e tecelagem (1864-1931)


O Inquérito Industrial de 1890 já atesta a existência de fábricas de curtumes na região de Aveiro, embora, na verdade, se tratasse de oficinas que encaixavam na designação de "pequena indústria". Assim, havia uma oficina dessa natureza no concelho de Albergaria-a-Velha, sem indicação da data de fundação, que empregava um curtidor e um aprendiz.

Segundo um documento notarial, Patrício Marques da Costa e Patrício Teodoro Álvares Ferreira, proprietários dessa "fábrica", sita no lugar de Assilhó, nos arredores de Albergaria-a-Velha, contrataram, em 9 de Setembro de 1881, em Lisboa, os serviços de João Baptista, "mestre de curtumes de couro".

É possível que esta unidade tenha tido início nessa data. Em 3 de Março de 1884, como se pode ler na "declaração de dissolução da sociedade" celebrada em Albergaria-a-Velha, Patrício Marques da Costa abandona a sociedade, ficando Patrício Teodoro Álvares Ferreira como "único proprietário da já mencionada fábrica de curtumes de couro", responsável, portanto, pelo cumprimento dos compromissos assumidos com o mestre curtidor, no referido contrato de 1881.

Patrício Theodoro Álvares Ferreira

Em 1911, a Sapataria Moderna, de Albergaria, anunciava a venda de calçado "no mercado desta vila todos os domingos, onde [os fregueses poderiam] certificar-se da perfeição do seu calçado e do preço limitadíssimo, não prejudicando isto a continuação do fabrico de calçado por medida"

Em Albergaria-a-Velha, fabricava e vendia chapéus uma chapelaria não identificada. Em 1919, é referida outra "oficina de chapelaria". Em Outubro de 1915, o jornal "Democracia do Vouga" fala de uma nova sapataria "dotada com mais estabelecimento industrial de sapataria em larga escala".

Em 1865 havia 42 teares no concelho de Albergaria-a-Velha. Os pisões trabalhavam "quatro a seis meses durante o ano" .

A venda de fazendas e outros tecidos de maior qualidade era assegurada por um muito numeroso grupo de negociantes e de comerciantes, a maior parte das vezes em nome individual. Mesmo assim, entre 1867 e 1928, foram registadas quatro sociedades em Albergaria-a-Velha.

Fonte: "Empresas e Empresários das Indústrias Transformadoras, na sub-região da Ria de Aveiro, 1864-1931" de Manuel Ferreira Rodrigues (adaptado)

No Arquivo de Albergaria-a-Velha consta a referência à Fábrica de Curtumes de Assilhó, constituída em 1881, que se dedica ao fabrico de curtimento de couros e peles e pertencia a Patricio Theodoro Álvares Ferreira e Patricio Marques Costa.

O Anuario del comercio, de la industria, de la magistratura y de la administracion de Espana, sus colonias, Cuba, Puerto-Rico y Filipinas, estados hispano-americanos y Portugal refere, no âmbito da actividade em 1908 de Tecidos de Lã (que poderá ser fabrico ou comércio), os seguintes empresários António Geraldo, Albérico Marques de Lemos, António Ferreira Pinto, João Ferreira Rodrigues da Silva e Ermelinda da Silva Paula.

O livro "Albergaria-a-Velha 1910 ...", de Delfim Bismarck Ferreira e Rafael Marques Vigário, salienta, entre as tecedeiras, os seguintes nomes: Ana Lopes de Bastos, Joana Ferreira dos Santos, Maria Martins e Rosalina Augusta de Melo.

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