sexta-feira, 10 de abril de 2020

Júlio d'Albergaria - Júlio Fernandes Tavares (1886-1944)

 

Era natural de Albergaria-a-Velha, oriundo de uma família modesta. Seu pai, Joaquim Fernandes Tavares, era um tipo muito popular em Albergaria, onde todos o conheciam por "Faz-Tudo".

Concluída a instrução primária, o pequeno Júlio entrou como aprendiz para uma tipografia e rapidamente ascendeu a tipógrafo. Emigrou para o Brasil nos princípios do século XX, fixando-se no Rio de Janeiro, onde foi proprietário da Tipografia Renascença e lançou diversas publicações, entre as quais o jornal "O Arauto" que teve divulgação, especialmente entre a Colónia Portuguesa.

Inteligente e ávido de cultura, fez-se por si próprio e para além dos jornais brasileiros, começou a escrever regularmente para os periódicos de Albergaria, facto que manteve durante uma trintena de anos. Em prosa e verso começou por glosar os acontecimentos do nosso concelho a que permanecia constantemente ligado pela imprensa e por correspondência de amigos. A princípio assinava Juferta ou Júlio d'Albergaria, pseudónimo que usava nas gazetilhas irónicas ou cáusticas. Depois passou a assinar exclusivamente Júlio d'Albergaria os inúmeros poemas, alguns dedicados à sua terra, outros de uma melancolia impressionante, especialmente os sonetos, inspirados e ricos de forma e conteúdo.

De tal modo adoptou o seu pseudónimo que passou a ser referido apenas dessa forma, mesmo na sua vida particular. É o caso singular do emigrante, de tal modo agarrado ao rincão natal por uma saudade avassaladora que a ele se vincula perpetuamente pelo próprio nome.

Voltou à terra no fim da vida para aqui viver os últimos anos, conversando com os antigos e fazendo novos conhecimentos, sempre por todos tratado, porém, como Júlio d'Albergaria, esquecido que estava o nome de baptismo.

Fontes: António Homem de Albuquerque Pinho, “Gente Ilustre em Albergaria-a-Velha” e "Albergaria-a-Velha 1910 ..." de Delfim Bismarck Ferreira e Rafael Marques Vigário

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