sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Projecto Quinta do Caima

 

“Tenho uma empresa de construção de casas de madeira e, na altura, andava à procura de um pavilhão para me esta­belecer e alargar empresa. Vim a saber que a antiga Fábrica do Caima estava em leilão. Eram 19 artigos e eu comprei-os to­dos com o meu pai”. 

Apesar da propriedade, que tem cerca de 50 hectares, estar licencia­da para turismo, Luís Capela admite que quando comprou os lotes estava apenas focado em alargar a empresa. “Eu e o meu pai pensámos fazer algo em grande aqui, mas era algo que financeiramente não tinha pernas para andar”, conta. 

As circunstâncias da vida fizeram com que toda a parte edificada do espaço comprado ficasse a seu encargo. “Comecei lenta­mente a investir aqui, a fazer limpezas às silvas e a recons­truir algumas coisas. Na altura havia aqui muito vandalismo. Infelizmente, este espaço era considerado de toda a gente. A fábrica ficou a dever dinheiro aos trabalhadores e eles acha­vam-se no direito de entrar aqui e tirar os cabos eléctricos, janelas… O ferro desapa­receu todo, agora só se vê betão!”, explica o proprietário da Quinta do Caima. 

E foi com o intuito de pro­teger a propriedade que Luís Capela, natural de Angola, e a esposa, Susana Capela, natural de Santo Tirso, acabaram por mudar a sua residência e ir vi­ver para a antiga casa dos pro­prietários da fábrica do Caima. 

“A primeira coisa que fiz foi reconstruir a minha casa de habitação- mantive a traça ori­ginal- e vim para aqui morar. Entretanto também comecei a colocar portões e placas a dizer que isto era propriedade priva­da”, conta Luís. 

A Quinta do Caima abriu há 4 anos ao público. Começou a funcionar com piscina (capa­cidade para 40 pessoas) e bar (capacidade para 70 pessoas). Entretanto foi criado um par­que radical para aqueles que são mais aventureiros. De for­ma semelhante, foram cons­truídos bungalows para os que preferem relaxar. 

Luís Capela explica que se apercebeu que “havia uma zona de depósito de madeira da antiga fábrica… um espaço amplo e que tinha potencial. Comecei a colocar lá as casas de madeira e percebi que era interessante dinamizar a área para alojamento local”. Mas se pensa que tudo isto fica por aqui engane-se! Está a ser desenvolvido um novo pro­jecto que entrou recentemente na Câmara: a construção de aldeamento turístico que terá 10 casas de madeira. 

Neste mo­mento existem 6 casas, que al­bergam no mínimo 30 pessoas. A recuperação de moinho que existe no Carvalhal tam­bém é algo que se pretende para um futuro próximo. “É um moinho industrial de di­mensão considerável. Tem 7 mós, 20 metro de cumpri­mento por 10 de largura! Era um moinho que era alugado a pessoas para virem moer. Agora está esquecido”, lamen­ta Luís Capela. 

Susana Capela que se juntou à conversa, explicou também que uma das pretensões seria “fazer uma sessão fotográfica com o antes e depois, ou seja, mostrar à comunidade como o espaço era antes e como está agora”. 

Revelou ainda que um dos objectivos futuros é a criação de um lar de idosos. “Aparecem aqui muita pes­soas que foram trabalhadoras na fábrica e gostamos de ou­vir toda as histórias que eles no contam. Este é um espaço de memórias e gostávamos de perpetuar isso através dos mais idosos”, declara Susana Capela.

Fonte: Jornal de Albergaria

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