“Tenho uma empresa de construção de casas de madeira e, na altura, andava à procura de um pavilhão para me estabelecer e alargar empresa. Vim a saber que a antiga Fábrica do Caima estava em leilão. Eram 19 artigos e eu comprei-os todos com o meu pai”.
Apesar da propriedade, que tem cerca de 50 hectares, estar licenciada para turismo, Luís Capela admite que quando comprou os lotes estava apenas focado em alargar a empresa. “Eu e o meu pai pensámos fazer algo em grande aqui, mas era algo que financeiramente não tinha pernas para andar”, conta.
As circunstâncias da vida fizeram com que toda a parte edificada do espaço comprado ficasse a seu encargo. “Comecei lentamente a investir aqui, a fazer limpezas às silvas e a reconstruir algumas coisas. Na altura havia aqui muito vandalismo. Infelizmente, este espaço era considerado de toda a gente. A fábrica ficou a dever dinheiro aos trabalhadores e eles achavam-se no direito de entrar aqui e tirar os cabos eléctricos, janelas… O ferro desapareceu todo, agora só se vê betão!”, explica o proprietário da Quinta do Caima.
E foi com o intuito de proteger a propriedade que Luís Capela, natural de Angola, e a esposa, Susana Capela, natural de Santo Tirso, acabaram por mudar a sua residência e ir viver para a antiga casa dos proprietários da fábrica do Caima.
“A primeira coisa que fiz foi reconstruir a minha casa de habitação- mantive a traça original- e vim para aqui morar. Entretanto também comecei a colocar portões e placas a dizer que isto era propriedade privada”, conta Luís.
A Quinta do Caima abriu há 4 anos ao público. Começou a funcionar com piscina (capacidade para 40 pessoas) e bar (capacidade para 70 pessoas). Entretanto foi criado um parque radical para aqueles que são mais aventureiros. De forma semelhante, foram construídos bungalows para os que preferem relaxar.
Luís Capela explica que se apercebeu que “havia uma zona de depósito de madeira da antiga fábrica… um espaço amplo e que tinha potencial. Comecei a colocar lá as casas de madeira e percebi que era interessante dinamizar a área para alojamento local”. Mas se pensa que tudo isto fica por aqui engane-se! Está a ser desenvolvido um novo projecto que entrou recentemente na Câmara: a construção de aldeamento turístico que terá 10 casas de madeira.
Neste momento existem 6 casas, que albergam no mínimo 30 pessoas. A recuperação de moinho que existe no Carvalhal também é algo que se pretende para um futuro próximo. “É um moinho industrial de dimensão considerável. Tem 7 mós, 20 metro de cumprimento por 10 de largura! Era um moinho que era alugado a pessoas para virem moer. Agora está esquecido”, lamenta Luís Capela.
Susana Capela que se juntou à conversa, explicou também que uma das pretensões seria “fazer uma sessão fotográfica com o antes e depois, ou seja, mostrar à comunidade como o espaço era antes e como está agora”.
Revelou ainda que um dos objectivos futuros é a criação de um lar de idosos. “Aparecem aqui muita pessoas que foram trabalhadoras na fábrica e gostamos de ouvir toda as histórias que eles no contam. Este é um espaço de memórias e gostávamos de perpetuar isso através dos mais idosos”, declara Susana Capela.
Fonte: Jornal de Albergaria
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