O romance "Coleccionadores de Sonhos " de António Oliveira e Castro, editado pela Gradiva, faz diversas referências não só a Alquerubim como a alguns dos seus cidadãos. Nomeadamente a José Pereira Júnior, estudante de Leis (Direito) em Coimbra, e voluntário de artilharia no célebre Batalhão Académico, que combateu ao lado de D. Pedro no Cerco do Porto (guerra civil entre liberais e miguelistas) em 1832/33.
Atravessou, com os seus camaradas de armas, a pé, a Galiza. Dali embarcaram para Inglaterra, depois para os Açores, de onde expulsaram as tropas miguelistas, de lá vieram para o Porto, para a Serra do Pilar, posição estratégica para a defesa da cidade sitiada.
Os estudantes do Batalhão Académico estavam acantonados no Convento da Serra do Pilar. Numa das mais violentas tentativas para ocupar aquela posição estratégica, a 14 de Outubro de 1832, de onde facilmente poderiam bombardear a cidade do Porto, a bateria de artilharia do alquerubinense José Pereira Júnior foi bombardeada. A explosão de uma granada amputou-lhe a perna, vindo a falecer em consequência dos graves ferimentos, em data imprecisa, em 1833.
Este Batalhão era composto por cerca de 600 voluntários, estudantes da Universidade de Coimbra. Além do estudante em causa, José Pereira Júnior, desta unidade faziam parte José Estêvão, Almeida Garrett, Luz Soriano.
O livro contém uma lista de todos os combatentes do Batalhão Académico.
Em "Coleccionadores de Sonhos" atrevi-me a fazer um esboço de um romance histórico, onde as referências aos locais e pessoas são, na maior parte dos casos, factos. Em "Ponte Pequim sobre o Tejo" [livro mais recente], a ideia foi chamar a atenção para as questões ambientais e da geopolítica. A extinta casa do canto [de Alquerubim], a que estou ligado, e Curibeca, um familiar importantíssimo em toda a trama, são, de facto, referências escondidas deste romance.
Fonte: António Oliveira e Castro (adaptado)
Extracto de comentário do jornalista Pedro Vieira
Peço que sejam tolerantes com o narrador, apesar da sua falta de neutralidade e do seu fraquinho por José Pereira Júnior, o estudante que trocou as leis pelo Batalhão Académico. Para o conhecerem melhor, acompanhem José e Francisco, da p. 134 à p. 149, no percurso de Coimbra até à casa dos pais em Alquerubim, e o diálogo que se segue, dos filhos com o pai, o capitão de ordenanças José Pereira.
Comentário adicional de Delfim Bismarck Ferreira
Entre condenados à morte, enforcados, presos e fugitivos, foram mais de 20 os Albergarienses Mártires da Liberdade. José Pereira Júnior foi um deles e faleceu em combate na Serra do Pilar, no Cerco do Porto.
Sem comentários:
Enviar um comentário