sexta-feira, 20 de outubro de 2023

História dos Conjuntos (de música ligeira e moderna) do concelho de Albergaria-a-Velha (parte 1)

O Conjunto Sousa Nunes teve inicialmente origem na Banda Filarmónica Alba, onde tocavam Zeferino Sousa Nunes, o irmão Manuel, Manuel Abelheira, entre outros, que formaram a Orquestra Vale Maior (que teria um som mais ligeiro) e posteriormente o Conjunto Sousa Nunes, num estilo mais pop-rock, que fazia sucesso nos bailes da região, sobretudo após o ingresso no Conjunto de Carlos e Jorge Nunes, filhos de Zeferino, mas não chegaram a gravar discos nem lançar temas inéditos. 

O Conjunto Típico Estrela da Branca estreou-se em 1962 na Festa da Nossa Senhora da Alegria, em Albergaria-a-Nova. O Conjunto era então formado por Manuel Ferreira (mais conhecido por Manuel Barbeiro), que era o principal cantor, o irmão José Ferreira (acordeonista), a cantadeira Encarnação Pintor (esposa do Ti Amadeu), Manuel Almeida (que toca violão) e Lourenço (no Timbalão), tendo mais tarde entrado para o grupo: António Batista Martins (acordeonista e principal compositor) e Artur Martins Almeida (tocador de viola). 

O Conjunto começou por abrilhantar diversas festas e bailaricos da região, tendo editado em 1968 o EP “Deixai-vos lá de cantigas”, que incluía 4 canções da autoria de António Batista Martins (que posteriormente foi para a Guerra em Angola) e em 1972 editaram um primeiro disco de Longa-duração com o mesmo nome do grupo, pela etiqueta FF (em Produção da “Grande Feira do Disco”) que incluía uma versão do tema “O emigrante”, do famoso Conjunto Maria Albertina, e 13 originais da autoria de António Batista Martins. 

Foi posteriormente lançado um segundo álbum, com o mesmo nome do grupo, pela Editora “Riso e Ritmo”, que incluía uma versão de “O Autocarro do Amor” e vários originais do grupo, com destaque para o tema “Senhora do Socorro” cantado por Encarnação Pintor. 

Também na Branca surgiu o Conjunto "Os Terríveis", do qual fizeram parte músicos como José Ferreira, Professor Justino, Adalberto e Lourenço. "Os Terríveis" terminaram em finais de 1967, tendo vendido a bateria e uma das guitarras elétricas ao Conjunto "Os Diatónicos" de Albergaria-a-Velha. 

Os Diatónicos, que tocavam instrumentais ao estilo dos Shadows bastante popular na época, surgiram em Outubro de 1967, numa brincadeira com a aparelhagem dos "Corsários Negros" de Águeda no salão do Tonito Bastos na Assilhó. Do grupo faziam parte Nestor Pimenta, Manuel Saguim, Rui Pinho Dias e Alfredo. Terminaram em 1969 após mobilização militar dos membros do grupo. 

Também na Branca, é de destacar os irmãos Eduardo e Carlos Castelhano, que fizeram parte do conjunto "Reis da Alegria" quando eram mais novos (*) e mais tarde dos Globetrotters (+- 1968/69) e Escape. (*) tendo inclusive ensinado os primeiros acordes de guitarra a Nestor Pimenta que viria a fazer parte dos Diatónicos, antes do ingresso na Guerra Colonial, e do Conjunto Sousa Nunes (no final dos anos 70 e anos 80). 

Os "Ases do Ritmo" foram um conjunto formado nos anos 60 na Calçada pelo Sr. Pereira (que tocava na Banda Alba), o filho Hernâni, Manuel Alves, entre outros. O Sr. Pereira, conjuntamente com os filhos, Hernâni e Vera, e o genro Aníbal, formou mais tarde o Conjunto "Os 4 ases do Ritmo". 

Em São João de Loure foi formada nos anos 60 a Orquestra Central de São João de Loure. Entre os integrantes é de destacar: José Melo (no trompete - de São João de Loure); Joaquim Araújo (no acordeão - de Casais); António Rodrigues (cantor); Um irmão da Dona Conceição Ferreira da Rua do Outão que vive em Alquerubim (Sax Tenor); Orlando Simões (acordeão - de Frossos - que viria a fazer parte dos Ritmo & Som nos anos 90); Lita/Carlos Rodrigues (pai do Tó na percussão - de São João de Loure); António Bastos (pai de Ana Maria Bastos e António Bastos - de São João de Loure). 

Mais tarde surgiu o Conjunto Dias Melo, que, entre outros músicos, se recorda Idílio (no trompete), José Melo, António Mota, Joaquim Baeta Dias, Lita, José Luís e ;Silvério (na bateria).

quarta-feira, 20 de setembro de 2023

Restaurante "Bica"

O Restaurante "Bica", em Albergaria-a-Nova, junto à EN1, está associado à família Anjos Antão, o pai Manuel de Jesus Nunes Antão, a mãe Lídia Amorim dos Anjos e os irmãos Serafim e Fernando dos Anjos Antão. 

O Restaurante foi inaugurado em janeiro de 1972, ainda como atividade em nome individual (anteriormente tinham explorado um pequeno café no centro de Albergaria-a-Nova, o Café Alegria), tendo dado origem a uma sociedade familiar em 1989 ("BICA-Serviços Hoteleiros, Lda."). 

O pai, Manuel de Jesus Nunes Antão (conhecido por Manuel "Sabina"), era barbeiro e tinha uma barbearia no edifício da Pensão Batista, em Albergaria-a-Nova, tendo-se mudado para a Bica quando o imóvel ficou pronto. 

O projeto do imóvel foi da autoria do filho Serafim Manuel dos Anjos Antão que possuía um Gabinete de Engenharia na Avenida Lourenço Peixinho em Aveiro. Apolinário Oliveira e Alberto da Espinheira foram alguns dos funcionários mais conhecidos. 

A D. Lídia faleceu em 2018. E o filho Serafim infelizmente também já faleceu. 

(Fotos: Google maps; Agradecimento a José Alberto Oliveira e Fernando Anjos Antão)

domingo, 10 de setembro de 2023

Feiras do Concelho de Albergaria-a-Velha


A feira era o escaparate de mercadorias, de animais e de pessoas. Ponto de encontro de negociantes, de amigos, de parentes, de gente. 

No Século XIX o concorrido mercado municipal realizava-se aos domingos no largo hoje denominado D. Teresa [junto à atual Biblioteca] [que seria conhecida por Praça Velha]. A partir de 1874 o mercado foi transferido para a Praça Nova, em frente aos Paços do Concelho [atual Câmara Municipal], sendo realizado uma vez por semana [aos domingos]. 

A partir de dezembro de 1910 passou a realizar-se duas vezes por semana, aos domingos e quartas-feiras. O concelho de Albergaria-a-Velha tinha como principais produtos agrícolas: trigo, milho, feijão, batata, vinho, arroz e madeira de pinho. Eram realizadas feiras mensais em Albergaria-a-Velha (Feira dos 19 (***), Angeja (Feira dos 26) (****) e Branca (atualmente é realizada apenas no dia 22 de janeiro de cada ano a Feira anual da Espinheira). Existiam (e existem) Feiras semanais em várias sedes de freguesia. 

Na 2ª metade do Século XX foi construído um novo mercado (*) onde hoje se situa a atual "Praça" (**) entre a Av. Bernardino Máximo de Albuquerque e a atual rua José Nunes Alves, que foi inaugurado na década de 70 e remodelado em 2018. 

(*) O Mercado Municipal foi projetado, em 1958 (1968?), pelo Arquiteto Jorge Gigante tendo entrado em funcionamento apenas na década de 70. 

(**) "Face à sua degradação tornou-se imperativo proceder à sua requalificação por forma a conceder-lhe novas funcionalidades. O projeto de requalificação, do Arquiteto Luís Tavares Pereira do Gabinete Ainda Arquitectura, culminou com a inauguração em 2018. Visou a valorização do edifício original do mercado e a qualificação do espaço envolvente, reinterpretando a tipologia de mercado e criando um grande centro criativo de mostra e divulgação de produtos, atividades e ideias".

(***) No Largo da Feira (atual Rua Américo Martins Pereira - próximo do atual Cartório Notarial) era realizado no dia 19 de cada mês, sendo principalmente conhecido pela venda de gado suíno (porcino). 

(****) Realizava-se no Largo Marquês de Angeja (conhecido por Largo da Feira), onde existe um crucifixo e um chafariz com bebedoiro para animais. Feira aberta, mas paga Imposto de terreiro. Transaciona-se gado vacum e porcino, e algumas vezes lanígero. A sua origem perde-se no tempo mas já eram referidas nas Memórias Paroquiais de 1758. 

Fontes: "Albergaria-a-Velha 1910 ..." de Delfim Bismarck Ferreira e Rafael Marques Vigário / Câmara Municipal de Albergaria-a-Velha / Bartolomeu Conde

domingo, 20 de agosto de 2023

“Homenagem a Angeja e Meus Avós” de Manuel Assis (2012)

Livro de poesia apresentado pelo autor em 27.07.2012, na Junta de Freguesia da Vila de Angeja, numa tertúlia, com declamação de poesia realizada pelo Engenheiro Alberto Silva, pela jovem amiga Catarina e pelo autor. 

Teve reportagem fotográfica de Etelvina Almeida com montagem e publicação no YouTube de Alberto Silva. 

Na data foram ainda apresentados outros trabalhos em poesia do autor, o livro infantil "Lara em tempo de escola" e um outro “Versos com História” de recolha realizada e condensada em livro por M. Assis, assim como uma peça cerâmica com o título “Bateiras do Vouga”, criada pelo autor. 

“Homenagem a Angeja e Meus Avós” teve como ilustração de capa a imagem de um painel de azulejo realizado em 2007 pelo autor a partir de um postal centenário da ponte de madeira existente a sul da Vila em direção a Cacia. 

https://www.youtube.com/watch?v=vF-kZ6aW6Xo

quinta-feira, 10 de agosto de 2023

Manuel Augusto Fernandes da Silva, Juíz


Manuel Augusto Fernandes da Silva, Juíz Conselheiro do Supremo Tribunal de Justiça, homenageado pela Câmara Municipal em fevereiro de 2023 com a Medalha de Ouro. 

Nasceu em Caracas, Venezuela, em 1951, tendo retornado ainda criança a Valmaior, terra dos seus pais, César Rodrigues da Silva e Rosalina Fernandes Paulino. Estudou na Escola Primária de Santo António, em Valmaior, no Colégio de Albergaria e na Faculdade de Direito de Coimbra, onde se licenciou em 1974. 

Em 1975 foi nomeado Notário e Conservador do Registo Civil na Ilha da Madeira, tendo pouco depois optado pela Magistratura, inicialmente como Delegado do Ministério Público (Funchal, Tábuas, Boticas, Viseu, Lisboa, Oliveira de Azeméis, ...) e a partir do início dos nos 80 como Juiz de Direito em Lamego, Caldas da Rainha, Portimão, Covilhã, Viseu, exercendo nesta cidade de 1982 a 1995, ano em que foi promovido à 2ª instância Desembargador em 1ª nomeação no Tribunal da Relação do Porto, tendo pouco depois sido transferido para o Tribunal da Relação de Coimbra, onde exerceu cerca de 10 anos. 

Empossado em dezembro de 2010 como Juiz Conselheiro do Supremo Tribunal de Justiça. Desligado do serviço para efeitos de aposentação/jubilação em 29 de dezembro de 2015.

Fonte: adaptado de "Valmaior ao longo dos séculos" de Delfim Bismarck Ferreira publicado em 2005 + Diário da República

quinta-feira, 20 de julho de 2023

Pensão Restaurante Parentes

A Pensão Restaurante Parentes - que atualmente só serve refeições às 6ªs e sábados - foi constituída como sociedade em 1989 mas já existe desde +- 1975 (anteriormente em nome individual) - quem recorda os seus primórdios ?

Nos anos 50, 60 e 70 era a Pensão Branco que inicialmente pertencia a Chico Branco (pai de Orlando Branco) e ainda nos anos 60 passou para os cunhados Vinhas e Moura, casados com Anita e Júlia, e em meados dos anos 70 passou para Mário Parente, natural de Perre, Viana do Castelo, que era conhecido por "Professor" Mário (que faleceu em 2018). 

Mário tinha emigrado com a esposa Adília e com o filho Luís, tendo vindo para Albergaria-a-Velha em 1969 para trabalhar na área da construção civil à sociedade com um dos irmãos mas acabou por desistir da sociedade e iniciar uma nova etapa com a Pensão e Restaurante Parente. 

Nessa altura a faixa etária dos clientes era diferente da atual, pessoas mais adultas que saíam dos empregos e iam lá aos petiscos. 

Muitas excursões paravam em Albergaria-a-Velha para almoçar, bem como, equipas de futebol que vinham jogar com o Sport Clube Alba, os futebolistas do Sport Clube Alba, casamentos, batizados, etc.

O filho Luís Parente e a esposa Fernanda assumiram a gerência há cerca de 25 anos. Tiveram que reformular o espaço e sobretudo a ementa para atrair uma clientela mais nova mas sem negligenciar a qualidade e o ambiente familiar que sempre caracterizaram o estabelecimento.

sábado, 10 de junho de 2023

Casa do Sobreiro


Nesta foto de 1990 partilhada por Ana Andrade pode-se ver a Casa do Sobreiro que esteve durante alguns anos inacabada ... Ainda não tinha portas nem janelas - que foram efetuadas pela "Carpintaria Manuel Lopes da Silva & Filhos" da Branca. 

Extrato de Comentário de Jessica Matos: "Os meus avós [Fernando e Maria] compraram o terreno nos anos 80 e construíram a casa (...) Eles foram imigrantes durante 45 anos em Paris e então a casa muitas vezes parecia abandonada mas não era o caso [tiveram problemas com o 1º construtor]. 

O meu avô é do Curval (Pinheiro da Bemposta) e minha avó é de Chaves no norte. Eles viveram em França desde os 18 anos de idade e voltaram para Portugal para a reforma. Trabalharam muito para ter essa casa que foi um projeto de uma vida a pensar em toda a família."

sábado, 20 de maio de 2023

Maria Rodrigues da Costa Lopes Xavier, Presidente da Junta de Freguesia de São João de Loure durante 23 anos


 

Maria Rodrigues da Costa Lopes Xavier, a conhecida Maria das Azenhas, que nasceu em 1888 e foi Presidente da Junta de Freguesia de São João de Loure durante 23 (!!!) anos 

Só recentemente ficámos a saber que existe um busto em sua homenagem em Azenhas, São João de Loure, no Largo Dona Maria Lopes Xavier, o que é de realçar visto serem poucas as mulheres na toponímia e outras formas de homenagem no nosso concelho. 

Fotos partilhadas por Jornal de Albergaria, Banda Velha União Sanjoanense, Arquivo distrital de Aveiro, Google maps, ...

quarta-feira, 10 de maio de 2023

GNR em Albergaria-a-Velha


A GNR de Albergaria-a-Velha recebeu recentemente a Medalha de Mérito Municipal - Grau Ouro, por ocasião dos 100 anos em Albergaria-a-Velha.

Quem se recorda dos guardas Adriano Fernandes, Agostinho Fernandes Barreiro, Albano Castro, António Nascimento, Belmiro Vidal, Camilo Pereira, Capela, José Dionel Brasil, José Ferreira Paiva, Joaquim Feliciano Matias, Lima, Mário "Guarda", Mortágua, entre muitos outros ? 

O Jornal "Concelho de Albergaria" informava em 1919 que "teremos aí Guarda Republicana" (...) "o matadouro (...) que tanto dinheiro custou ao município e não chegou a funcionar (...) está sendo adaptado para o seu quartel. Por enquanto, diz-se, a força será apenas de quatro soldados e um cabo - sem calembur [vigilância] ..."

Houve um posto da Polícia de Viação e Trânsito em Albergaria-a-Velha até 1942 mas foi transferido para Águeda; foi integrada em 1970 na GNR divisão de trânsito.

segunda-feira, 10 de abril de 2023

Casa na Praça Ferreira Tavares


Casa na Praça Ferreira Tavares que pertencia ao sr. Manuel Marques dos Santos, casado com Hermínia Ribeiro dos Santos, que esteve muitos anos no Brasil". 

E mais tarde foi adquirida pela D. Regina Pinho. Atualmente aí se localiza a Vodafone e a Florista "Laços e Pétalas".

Em 2009 era a Vodafone e a Imobiliária Moutinho & Brás (e a Florista "Vilaflor" localizava-se no edifício ao lado) e nos anos 80/90 era a Imobiliária Imateto (de Manuel José Moutinho) ...

Fotos: Foto 1 partilhada por Arquivo Municipal de Albergaria-a-Velha e extrato de foto partilhada por Duarte Machado

 

segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

Maria Celina dos Santos, Professora

 

Maria Celina dos Santos nasceu a 21/01/1926, na então Vila do Barreiro, quando o seu pai aí trabalhava. Depois da instrução primária fez o 3º ano de liceu, no Barreiro. Quando lhe perguntavam o que queria ser quando fosse grande respondia, sem hesitar, advogada e bailarina. Para advogada nunca teve estofo mas sempre teve veia de artista.

Desde pequena vinha passar férias para Alquerubim, terra da sua mãe, onde tinham uma modesta casa, e quando o pai se aposentou dos Caminhos de Ferro do Sul e Sueste, onde era empregado, resolveram mudar-se definitivamente para esta aldeia. 


 Frequentou o Colégio da Nossa Senhora de Fátima onde esteve até fazer o sexto ano em regime de internato. Com o contacto de professoras foi se formando o ideal do ensino e decidiu ser professora, tendo frequentado o magistério primário do Porto onde fez o primeiro ano com relativa facilidade e gosto. Contudo, já no final da época, foi apanhada por uma doença imprevisível, mas Deus ajudou-a e passados 10 meses estava clinicamente curada, acabando no ano seguinte o curso de professora do ensino primário. 

Lecionou nas escolas de Frossos, Azurva, Pardilhó e Paus (Alquerubim), sempre se inserindo com facilidade e juntando duas das suas grandes paixões, o ensino e o teatro. 

Muito ligada a Obras sócio-culturais ensaiou e tomou parte de muitas peças de teatro na Casa do Povo de Alquerubim, durante cerca de 40 anos – começou com 12 - e aí criou uma Biblioteca e um Curso para Adultos. 

Depois da sua aposentação tencionava formar um Grupo de Teatro Infantil mas acabou por se dedicar aos idosos pois fez parte da comissão instaladora e da Direção da ASSA, Associação de Solidariedade Social de Alquerubim.

(Adaptado do livro "Caminho de uma Vida" da Professora Maria Celina dos Santos; Agradecimento a Joao Reis Melo)

sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

Moinhos do Regatinho (Vilarinho de S. Roque)


Conjunto de dois moinhos de rodízio, Moinho da Quingosta e Moinho do Silva, cada um com um único casal de mós, que é accionado pelas águas do Rio Fílveda e encontra-se integrado no núcleo mais antigo desta aldeia classificada como "Aldeia de Portugal". 

São ambos moinhos de consortes ou de herdeiros, pertencentes a várias famílias da aldeia, geralmente pequenos e médios lavradores, que no passado os utilizavam de forma regular e mediante uma escala de horas previamente acordada.

A sua construção remonta, pelo menos, ao século XIX. Actualmente continuam a ser utilizados por alguns dos habitantes da aldeia, seja para a moagem de cereal para a alimentação dos animais de criação doméstica, seja também para produção de farinha para a cozedura da broa e outros produtos tradicionais.

Muitos ainda se recordam das deliciosas papas de carolo da sua infância, cujo paladar poderá ser novamente saboreado por quem utilize a farinha destes moinhos na confecção dessas antigas receitas dos nossos avós.

Coordenadas GPS:  N 40º 45´28.45” W 8º 25´19.91”


 Descrição

Conjunto de dois moinhos de rodízio, Moinho da Quingosta e Moinho do Silva, cada um com
um casal de mós e alimentados pelo Rio Fílveda, integrados no núcleo mais antigo de aldeia
classificada como "Aldeia de Portugal".

Morada 

Vilarinho de São Roque
3850-717 Ribeira de Fráguas

Como chegar

Tomando como ponto de referência a Junta de Freguesia de Ribeira de Fráguas, seguir a mesma estrada para nascente, ao longo do vale do Rio Fílveda. Poucos quilómetros depois chega a Vilarinho de S. Roque. Os moinhos situam-se na parte baixa da povoação.

GPS: N 40º 45 ́28.45" O 8º 25 ́19.91"
Telefone

234529300 - Geral CM Albergaria-a-Velha
964852743 - Sandra Figueiredo
934757460 - Carla Castro (AVILAR)

E-mail
turismo@cm-albergaria.pt
avilar.vilarinho@gmail.com

Proprietário 

Moinhos de consortes.

Para visitar (todo o ano) 

Mediante marcação. Contactar antecipadamente os serviços de Turismo da Câmara
Municipal de Albergaria-a-Velha ou a AVILAR

Fontes: Rota dos Moinhos / Moinhos de Portugal (pág. 46) / Viagens sem destino

sábado, 20 de novembro de 2021

Alargamento da Zona Industrial de Albergaria-a-Velha


O Município de Albergaria-a-Velha tem-se afirmado como um importante polo industrial, encontrando-se, atualmente, nos 40 municípios mais exportadores de Portugal. 

Com mais de 700 empresas com um volume de negócios superior a 1000 milhões de euros, o tecido empresarial de Albergaria-a-Velha totaliza mais de 7000 postos de trabalho gerados. 

O sector secundário é o que tem maior representatividade, com a indústria a ser responsável por mais de 58% do total da produção do Concelho. 

As actividades mais relevantes neste setor são a fundição, a metalomecânica, o fabrico de equipamentos, a transformação das borrachas e plásticos, as madeiras, os têxteis, o fabrico e restauro de mobiliário, a cerâmica, entre outras. 

Com a entrada em vigor do novo Plano Director Municipal, o Município de Albergaria-a-Velha, vocacionado para o desenvolvimento económico, aumentou a área de solo industrial destinada às atividades económicas em mais de 200 hectares (50%). 

Face a este novo Plano, a totalidade do solo industrial passou a ser 448 ha, o que corresponde a mais 245 ha. 

Os principais objetivos “Ampliação da Zona Industrial de Albergaria-a-Velha” podem sistematizar-se da seguinte forma: 

• Aumentar a oferta de área do solo industrial infraestruturado disponível para instalação de empresas; 

• Criar infraestruturas novas, modernas e de referência para esta nova zona; 

• Aumentar a capacidade de fixação de novas empresas no Município; 

• Aumentar o número de postos de trabalho no concelho, principalmente os de qualificação igual ou superior a nível 6, bem como o número de empresas sediadas, privilegiando os investimentos com forte carácter diferenciador e inovador; 

• Promover e incrementar a disponibilização de serviços da Câmara Municipal destinados às empresas na própria zona industrial; 

• Fomentar redes de cooperação entre os empresários, associações empresariais e o Município.

Fonte: CMAAV 

quarta-feira, 10 de novembro de 2021

Armando Gonçalves Mourisca, médico


Armando Gonçalves Mourisca, filho de Augusto Pinheiro Mourisca e Adozinda Augusta da Conceição Gonçalves, formou-se em medicina na Faculdade do Porto.

Emigrou para Moçambique, a convite do Dr. José Simões Ferreira (pai de Teresa Heinz-Kerry), que era seu primo, para trabalhar no hospital Miguel Bombarda onde trabalhava o Dr. Simões Ferreira, que era um conceituado Radiologista em Lourenço Marques, e um outro primo, também de nome Armando, que era enfermeiro.

Posteriormente o Dr. Armando foi para Cabo Delgado para uma plantação de Sisal e, mais tarde, para Quelimane, onde foi o médico-chefe dos CFM (Portos e Caminhos de Ferro) de Quelimane e Presidente do Ferroviário de Quelimane.

Ao fim de 11 anos em Quelimane, foi convidado para ir para Sena Sugar Estates, no Luabo, uma Companhia de Açúcar no Luabo.


Casado com D. Lisete G. Oliveira Mourisca, que faleceu há poucos anos, teve 3 filhos, Maria Isabel, Carlos Alberto e Carla, todos nascidos em Moçambique, em Porto Amélia, hoje Pemba, tendo-se radicado em Santarém após o regresso a Portugal.

Em Moçambique nunca deixou de tratar uma pessoa por não ter dinheiro. Alguns colegas ficavam revoltados com ele por ele ver os doentes gratuitamente.

"Diziam ao meu pai: tu pensas que por não levares dinheiro que te põem uma estátua no jardim. O meu pai nem respondia. Nunca tivemos problemas nenhuns em África. O meu pai sempre tratou um branco da mesma maneira que tratava uma pessoa de cor. Por isso é que digo que sempre tive um orgulho pelo meu pai".

Fonte: adaptado de post do filho Carlos Mourisca no grupo "Lourenço Marques, A Capital da Memória, Figuras, Factos e Outras Estórias"

quarta-feira, 20 de outubro de 2021

Serração de Manuel Rodrigues Correia & Irmão

A "Serração de Manuel Rodrigues Correia & Irmão" funcionava onde hoje se situa a Praça (Entre os nºs 2 e 3 da foto 3: "ao fundo do lado esquerdo, atrás daquela casa isolada"). Terá aí funcionado entre os anos 30 e o início da década de 60 (??).

A serração pertencia ao pai e tio do Engenheiro Carlos Rodrigues, que foi professor no Colégio e mais tarde do Liceu de Águeda, mas era conhecida por Serração do Sr. Manuel, que era o responsável pela serração.

Os filhos do Sr. Manuel e D. Olívia (sobrinha dos sócios) eram conhecidos por Carlos da Serração (trabalhou na Alba), Mário da Serração (trabalhou nos CTT) e Leopoldina da Serração.

Comentário de Teresa Mendes: "Sei que os meus avós (Olívia e Manuel), e os filhos (Carlos, Mário e Leopoldina) viveram na serração onde hoje é o mercado e que essa serração era de uns tios maternos da minha mãe, isto é, da família da minha avó Olívia. Sei que se tratava de uma serração e moagem"

O encarregado era o Sr. Patrício Ferreira. Também aí trabalharam o Sr. Manuel da Minda e o avô de Júlio Vidal Barros

(Fotos partilhadas por Teresa Mendes, Margarida Couto e Duarte Machado; agradecimento a Teresa Mendes, Leite Gonçalves, entre outros)



domingo, 10 de outubro de 2021

Clube de Futebol "Os Azuis do Fial"

O Clube de Futebol "Os Azuis do Fial", filial nº 32 do Clube de Futebol "Os Belenenses", foi fundado em 10-08-1989 no Fial, Alquerubim. Já extinto.

Um dos sócios-fundadores foi Francisco Dias de Oliveira, adepto ferrenho do Belenenses, conhecido por “Chico do Fial”, que era comerciante.

O futebol era a principal modalidade (incluindo futebol feminino). O clube subiu à 1ª divisão distrital na época 93/94, numa equipa em que o treinador era Gil Lobo de Pina (que anteriormente jogou no Sport Club Alba).

Entre os jogadores destacamos nessa equipa: Nélito, Diego (que jogou no Alba com Gil), "Nartanga", Coutinho, Zeca, Miguel, Fernando, Regateiro, Vieira, Isaías, Carlos Alberto e Anjos.

Mais tarde jogou nas competições do INATEL.


Podemos destacar igualmente, entre outros, na história dos "Azuis do Fial", Diana Bastos como jogadora e Luís Vasconcelos como treinador.

Agradecimentos a Alfredo Castanheira, José Anjos Conceição Ventura, João Reis Melo, ...

segunda-feira, 20 de setembro de 2021

Sobrado de São João de Loure

 

Um Sobrado é uma casa, com 2 ou mais andares, típica do Brasil colonial. Este Sobrado foi mandado construir por Francisco Rodrigues Sequeira, na década de Trinta do Século XX, sendo semelhante ao Prédio que possuía em Porto Alegre, no Brasil. Posteriormente foi vendida ao genro, António Lopes Branco, na década seguinte.

Em julho de 1939 a Família transferiu-se para o Brasil, ficando o sobrado fechado por Trinta anos.

Em 1968, foi vendido a Francisco Rocha, o qual posteriormente o vendeu em 2000 para o Bisneto do Construtor do Prédio.

 No rés-do-chão funcionou uma mercearia. A Loja de Silvério de Carvalho vendia uma grande diversidade de produtos, nomeadamente materiais de construção.

A loja em frente ao Sobrado, conhecida como a "Taberna dos Santos" - ou mais recentemente Mini-Mercado Santos - pertenceu a António Almeida da Silva Santos. 
 
No chafariz havia sempre muitas vacas a beber água na ida e vinda dos campos. 
 
Foto de "Sobrado" de Loure partilhada por Carlos Viegas no grupo de "São João de Loure"
Comentário de António Branco (de Porto Alegre)

sexta-feira, 10 de setembro de 2021

Kovacs, o pioneiro (artigo de Lúcio Flávio Pinto de 03-12-2015 no seu blog homónimo)

A imprensa paraense ignorou a morte, ontem, de Adalberto Kovacs Nogueira, que foi enterrado hoje. Ele era uma excelente figura humana, que cativava as pessoas e mantinha uma extensa relação de amizade. Mas foi também um pioneiro na aviação de pequeno porte no Pará, com sua Kovacs".

"Infelizmente, teve insucesso na passagem para uma empresa de maior porte, não por alguma imperícia pessoal, mas por circunstâncias sobre as quais preferia não falar, pagando o preço em silêncio por adversidades externas, que avinagraram sua vida".

"Viajei algumas vezes no teco-teco que ele pilotava e durante algum tempo cruzei com ele por aeroportos e outros lugares. Estava sempre de bom humor e receptivo a uma boa conversa, ainda mais se fosse em “off”. Fez histórias no apoio que deu a empreendimentos pioneiros, como a exploração do minério de ferro de Carajás".

"Tinha muita história na memória. Pena que não a narrou num livro. Pior ainda que tenha sido esquecido pela imprensa, cada vez mais desatenta pela história camuflada de cotidiano".

"No capítulo do desbravamento do sertão amazônico pela aviação, o português Adalberto Kovacs Nogueira teve papel destacado. E esse título ninguém lhe tira. Nem a insensibilidade da imprensa". 

(Extrato de fotos partilhadas por Fátima Sequeira + abpic.co.uk / Joe Evans)

"O senhor Adalberto Nogueira, esposa e filha Leila no Rio de Janeiro".


Ficha consular de Francisco Kovacs Nogueira que foi sócio, com o irmão Adalberto, da Taxi Aereo Kovacs S A. pioneira na aviação de pequeno porte no Pará


(Fotos: Fátima Sequeira e familysearch) 

sexta-feira, 20 de agosto de 2021

Casa dos Leitões de Angeja


A Casa dos Leitões de Angeja tem uma longa história, iniciada em 1923. Numa placa que ainda hoje permanece no edifício onde se situa o restaurante poderemos ver a indicação de "1923 Vila Vouga.". 

Em 1928 a "Casa especial de petiscos" de Francisco Nunes de Pinho era conhecida por "Retiro do Vouga". 

Mais tarde a "Pensão Vouga" foi conhecida, sobretudo nos anos 60 e 70, por Travassos.

Este espaço serviu, durante décadas, quem circulava na N16 num tempo em que esta estrada nacional atravessava a vila de Angeja. Entretanto, o circuito da N16 foi desviado para a periferia.

A forma de assar é diferente da Bairrada. O Leitão é recheado com os fígados, rins e coração, que são cozinhados previamente, mantendo a tradição da nossa região. 

O Leitão é assado de forma oblíqua no forno e não leva gordura dentro, sendo a gordura escorrida no próprio leitão, que assim é menos condimentado e mais enxuto e estaladiço.


Desde 1992 a Casa dos Leitões é gerida pelo casal Paula e Manuel Oliveira, que já na primeira década deste Século XXI, concretamente em 2004, procedeu à remodelação total do edifício dando-lhe o cariz que apresenta hoje. 

Fontes: Casa dos Leitões de Angeja / Porto Canal / Grupos de facebook "Famílias de Albergaria" e "Memórias de Angeja"

terça-feira, 10 de agosto de 2021

Origem do Bico do Monte da Nossa Senhora do Socorro

 

O Passado

O Bico do Monte denominava-se Pedra da Águia em 1117, ou seja, ao tempo em que a Rainha D. Teresa concedeu a Carta do Couto de Osseloa, para se instituir aqui uma Albergaria.

Esse notável documento, de que proveio a fundação da nossa terra, fala-nos da Pedra da Águia e os diversos autos da demarcação do aro do Couto confirmam, uniformemente, que o Bico do Monte é a antiga Pedra da Águia, a norte da vila, e dela distante cerca de dois quilómetros.

É de crer que, até 1855, o actual Monte do Socorro receberia, apenas, a visita de raros pegureiros e dos gados que pasciam pelas encostas e que iam tosando os matos que delas brotavam, espontâneos e bravios. Também o sítio era propício às feras, que abundavam, como se infere do texto da Carta do Couto de Osseloa.

Em 1855 grassou, no país inteiro, e com grande intensidade, a temerosa epidemia do cólera morbus, deixando um rasto de desolação e morte. Esta vila foi gravemente atingida, também, por essa peste, apossando-se o terror de todos, e indo o desvairamento até à loucura. As famílias que podiam emigrar abandonavam tudo, sendo algumas delas fulminadas durante esse êxodo macabro.

Em tão aflitivo transe fizeram-se preces, encheram-se os templos, e abandonaram-se todos os trabalhos e ocupações para se orar a Deus, a implorar-lhe que extinguisse a epidemia.

Nos lugares de Assilhó, Sobreiro, S. Marcos e Frias não houve caso algum do cólera, o mesmo sucedendo na freguesia de Vale Maior. Em Albergaria houve 43 óbitos, e em Angeja as vítimas foram em número de 98.

Em Outubro desse ano de 1855 um grupo de homens fez o voto de erigir uma capela no Bico do Monte, dedicada à Virgem, com a invocação de Senhora do Socorro, se o terrível flagelo nos desamparasse breve; – e verificou-se que, desde esse voto, nenhum outro caso ocorreu, o que foi considerado como o primeiro milagre da Senhora do Socorro.

Em 1856 deu-se começo à construção da capela, que foi concluída em 1857, celebrando-se então imponentes e luzidos festejos, a que se associou uma considerável multidão.

Fundou-se uma confraria própria, com estatutos, e cuja aprovação se requereu em 23 de Outubro de 1858, tendo a assinatura dos seguintes fundadores:

Padre João Fortunato José de Almeida; Padre João António José de Almeida; José Marques Pires; Manuel Luiz Ferreira; Bernardino Marques Vidal; Bento Alvares Ferreira; João Marques Pires; Patrício Luiz Ferreira Tavares Pereira e Silva; João Ferreira da Silva Paulo; José Marques de Lemos; António José Rodrigues; Joaquim Lourenço Mendes dos Santos; Francisco Joaquim da Cruz; José Domingues da Silva; Manuel Inácio da Silva; Joaquim Rodrigues da silva e Manuel José de Bastos. Os dois últimos assinaram de cruz.

No § 1º do art.º 3º desses Estatutos determinava-se que a festividade se realizasse no 4º Domingo de Agosto, mas, por dificuldades várias, fixou-se depois o 1º Domingo posterior a 15 de Agosto e, finalmente, estabeleceu-se o 3º Domingo desse mês, dia em que se celebra a festa desde a nossa mais remota lembrança.


O Presente

Ergueu-se a capela e fez-se a sua inauguração com o entusiasmo nascido da fé intensa dos que viveram dias de tamanha amargura e anseio, crentes no milagre da Virgem. Havia que prosseguir nas manifestações em honra da Senhora do Socorro, a cuja intercessão recorriam, de ora avante, todos os que vivessem horas aflitivas, para que a sua dor se debelasse.

Nos anos seguintes, e em número sempre crescente, os devotos acudiam em romagem de piedoso agradecimento pelas mercês recebidas e trazendo as dádivas em cumprimento de promessas.

Começou, então, a conhecer-se o Bico do Monte, ficando-se surpreso com o vastíssimo e variado panorama que dali se desfrutava, fosse qual fosse a direcção para onde se alongasse a vista.

Ao poente os minúsculos montes de sal de Aveiro, com a brancura da pureza das almas recolhidas em silêncio, – o Farol da Barra, – as águas do mar, brilhando ao dardejar do sol, estendiam-se pelo horizonte sem limites, até nos darem a sensação de que terminavam onde começava de erguer-se a cúpula do céu. Os canais, a ria com os seus minúsculos barquitos, de velas brancas que o vento inflava e as praias e povoações, parece que enviavam o sentir da sua saudade, quando não era a inveja pela grandeza com que a Providência nos dotou.

A sul, a dois quilómetros, notavam-se os contornos da nossa vila e alguns dos seus edifícios e uma ou outra janela aberta, donde se desprendia o sorriso duma mulher graciosa e quem sabe se o adejar dum lenço em saudação correspondida…

Distante, destaca-se o Buçaco, o Caramulo, e mais a nascente as serranias das  Talhadas, as do Arestal e mais e mais até chegarmos às planícies do norte, cobertas de pinheirais e eucaliptos em densas matas, intercaladas de povoações caiadas de branco.

O panorama, extenso e variado, é dos mais belos, e tarde despertamos da muda contemplação em que nos extasiamos horas seguidas.

Queremos esquecer os longos anos em que o Bico do Monte permaneceu quase em ponto morto. Tornava-se necessário um forte impulso mantido em perseverança. Várias tentativas houve dignas de registo, mas que amorteciam a breve trecho, embora ficasse alguma coisa no rescaldo.

Se a Senhora do Socorro falava aos crentes havia que atraí-los, e depois viriam também os turistas, os admiradores de tanta beleza, trazidos por essa lenta, mas eficaz, propaganda, exercida pelos que ali iam uma vez, para repetiram a romagem vezes sucessivas.

O impulso veio e mantém-se.

Abriram-se várias ruas de acesso ao cimo do Monte, – alargou-se o recinto da capela com custosas obras de ampliação e muralhas de suporte, – construiu-se uma escadaria a pequena distância da capela; – estendeu-se e alargou-se a Avenida destinada ao percurso da procissão, – plantaram-se árvores a cobrir as encostas, etc.

As obras prosseguem no mesmo ritmo. Construiu-se há pouco uma pérgula circular na retaguarda da capela; – preparou-se um parque para estacionamento das centenas de veículos automóveis que ali afluem, e isso obrigou a rasgar-se a montanha; – melhoraram-se as estradas que lá conduzem; – fornece-se água abundante, distribuída em fontenários; – aformoseou-se o recinto com um lago, e outras obras se projectam para maior realce, e para comodidade dos romeiros ou dos turistas.

No corrente ano de 1957 a afluência à procissão, e pela tarde, foi de vários milhares de pessoas, havendo carreiras contínuas de camionetes, e não bastando o parque para acondicionamento dos veículos.

Eram centenas os anjos que se incorporaram e todos conduzidos pelos pais, em cumprimentos de promessas, e o manto da Virgem estava inteiramente coberto de notas, ali pregadas pelos peregrinos, vindos de longes terras, como óbvio, também, para auxílio do engrandecimento do Monte do Socorro.

Fonte:  Texto integral de António de Pinho no Centenário do Monte da Senhora do Socorro [1957]. Capítulo VIII do livro “Albergaria-a-Velha e o seu Conselho – Subsídios para a sua história, documentos e apontamentos – homens e factos”, 1957

Link: Diocese de Aveiro  

terça-feira, 20 de julho de 2021

Manuel Domingues Capela (1938-2020)

Manuel Domingues Capela nasceu em 13 de Fevereiro de 1938 em Telhadela, filho de Augusto Pires da Capela e Purificação Domingues.

No princípio de 1968 abriu na sua residência a Taberna do Ti Capela, mercearia e taverna, que foi ponto de encontro de cantadores ao desafio, dos quais ele foi último representante.

São famosas as desgarradas entre ele e António Vicente.

Participou na sua juventude em inúmeras peças de teatro realizadas em Telhadela. 

Poeta popular de mérito. As suas composições, por vezes com um sabor brejeiro, fizeram as delícias de várias gerações.

Trabalhou na fábrica de celulose do Caima, no lugar do Carvalhal, tendo participado na curta-metragem cinematográfica “Vou-me despedir do rio” que evocava a memória dos antigos trabalhadores dessa fábrica secular.

Foi o último regedor da freguesia da Ribeira de Fráguas (tendo cessado funções em 1977, após o fim desta figura administrativa).

Principal fonte: "Post" do Grupo Recreativo e Cultural de Telhadela com base em nota biográfica incluía no livro "Telhadela - Construção de uma memória" de Nuno Jesus  e Rafael Marques Vigário



sábado, 10 de julho de 2021

Café Leão

 
 O Café Leão situava-se na actual Avenida Napoleão Luiz Ferreira Leão, do lado onde hoje se situa o BPI e o Restaurante "Pipo" (e anteriormente o "Ponto Final"). 
 
Ficava em frente ao Café Napoleão (que foi inaugurado, mais tarde em 1964). Os donos eram o Sr. Rocha e a D. Etelvina. 
 

Além de café também tinha uma mercearia fina (designação da época) e um salão de Bilhares. No 1º andar havia uma sala (onde os mais novos não tinham acesso) onde se jogava às cartas. 
 
Tinha esplanada e identificação "Café Leão" na calçada típica portuguesa. 
 
 
Fechou quando o sr. Rocha foi para o Brasil em 1960. Regressou em 1968 para abrir o Katanga (em frente às bombas da Sacor - próximo da actual Zona Industrial). 
 
(Fotos partilhadas por Rui Castanheira, Eng. Duarte Machado, Romy Ferreira Máximo e Dr. Mário Jorge Lemos Pinto)
 

domingo, 20 de junho de 2021

"O Mundo é um Moinho - História Económica e Social de Albergaria-a-Velha no Século XX"


 No âmbito das comemorações do centenário da Alba, foi lançado o livro "O Mundo é um Moinho - História Económica e Social de Albergaria-a-Velha no Século XX", de Raquel Varela e Luísa Barbosa Pereira.

"O Mundo é um Moinho - História Económica e Social de Albergaria-a-Velha no Século XX" partiu de um arquivo raro em Portugal, o arquivo das fichas completas de todos os trabalhadores da Alba, uma das mais importantes metalúrgicas nacionais, desde o início do século XX até ao seu encerramento. 
 
São quase quatro mil fichas com informação detalhada de quem lá trabalhou, quando foi admitido, escolaridade, origem, etc. Isto permitiu às investigadoras Raquel Varela e Luísa Barbosa Pereira traçar um panorama histórico, ao longo de 100 anos, do mundo do trabalho na Alba.


Foi este o mote para um livro que não só traz a público estas informações, inéditas, que se enquadram e são explicativas da História global de Portugal, incluindo das ex-colónias, como olha a História económica e social de Albergaria-a-Velha no século XX, região conhecida por abrigar empresas que marcaram a história industrial de Portugal.

A coordenação da edição do livro esteve a cargo da historiadora Raquel Varela, que contou com a estreita colaboração dos técnicos do Arquivo Municipal de Albergaria-a-Velha, que disponibilizaram fotografias, depoimentos e documentação variada para a investigação.


Curiosidade: "O Mundo é um Moinho" é um nome de uma canção do brasileiro Cartola.