quarta-feira, 10 de abril de 2013

Celulose do Caima (III)


Em 1888 a família anglo-sueca Bergvist, residente na Cidade do Porto, funda a empresa “The Caima Timber Estate & Wood Pulp Company, Limited”. No ano seguinte a empresa adquire a quinta do Carvalhal, localizada nas margens do rio Caima das freguesias Ribeira de Fráguas e Branca (junto ao lugar de Fradelos), que pertencia ao director das Minas do Palhal, William Cruikshank. O objectivo inicial seria montar uma fábrica de fiação de tecidos e outra de moagem de madeira para o fabrico de pasta de papel.


As instalações da fábrica de celulose seriam abertas pelo engenheiro químico Erik Daniel Bergvist, edificando assim a primeira fábrica de produção de pasta química em Portugal. A “Fábrica do Caima”, como era popularmente conhecida, viria a tornar-se na mais importante produtora de pasta de papel do nosso país, sendo durante dezenas de anos a maior fonte de rendimento de centenas de famílias da Branca e Ribeira de Fráguas, quer como entidade empregadora, quer como compradora de matéria-prima.


No dia 19 de Abril de 1922 a empresa, sociedade por quotas, reduz o seu nome para “Caima Pulp Company, Limited”. Depois de implementarem a plantação de eucaliptos, iniciaram em 1925 a comercialização da pasta dessa matéria-prima, que, substituindo pouco a pouco o pinheiro, transformar-se-ia na fábrica de pasta de papel de eucalipto mais antiga da Europa.

Em meados do séc. XX a multinacional anglo-americana Hibstock Jhonson Breaks compra cerca de 500 acções na bolsa de Londres, adquirindo assim a Caima Pulp Company, Limited. Na década de 1960 construiu-se a segunda fábrica, em Constância, tornando-se pioneira, a nível mundial, no processo de branqueamento de pasta de papel sem cloro (TCF – Totally Chlorine Free).


 Por escritura lavrada a 29 de Junho de 1973, a empresa adapta a sua designação para Companhia de Celulose do Caima, S.A.R.L. e, em 1981, abre o respectivo capital à subscrição pública.

No dia 9 de Julho de 1993 a fábrica do Carvalhal, ainda pertencente à multinacional Hibstock Jhonson, deixa de laborar, atirando para o desemprego cerca de 200 operários. A crise internacional (descida do preço da pasta celulósica e diminuição drástica do preço da madeira), a poluição do rio Caima, o atraso na instalação de equipamentos de depuração dos efluentes e a administração do uso de transportes, foram algumas das razões apontadas para o seu desmantelamento. Toda a actividade da empresa ficaria concentrada na fábrica de Constância Sul.


Em 1994, as antigas instalações do Carvalhal são adquiridas pela papeleira REFICEL – Sociedade e Recuperação de Fibras Celulósicas. No entanto, o arranque da actividade industrial da REFICEL só aconteceria 5 anos mais tarde.

Em 1998 o Grupo Cofina adquire uma participação minoritária no capital da Companhia de Celulose do Caima, S.A.. Em Dezembro de 2000, na sequência de uma oferta pública de aquisição (OPA) a Cofina passa a deter uma posição de controlo da empresa, garantindo a grande maioria do capital social.


Em 1999, a REFICEL receberia finalmente o financiamento para o projecto industrial associado à compra da fábrica do Carvalhal, no entanto, a sociedade acabaria por falir pouco tempo depois. Após falência da REFICEL, em 2001, as instalações da Fábrica do Carvalhal passam para os respectivos bancos credores (Comissão de Credores da REFICEL), encontrando-se até hoje desactivadas.

No início de 2002 dá-se um processo de reestruturação do Grupo Caima, nesta altura composto por três fábricas de pasta de papel e uma fábrica de papel. A “Companhia de Celulose do Caima, S.A.” é convertida em sociedade gestora de participações sociais (“Celulose do Caima, S.G.P.S., S.A.”) e é constituída a “Caima – Industria de Celulose, S.A.”, para a qual foram transferidos todos os activos e passivos afectos à actividade operacional de fabrico e comercialização de pasta de papel.


Em 2005 dá-se um projecto de separação de negócios do grupo COFINA, criando a ALTRI, S.G.P.S., S.A. para integrar os activos industriais, nomeadamente a Caima, na produção de pasta de papel e exploração florestal de produção de energia a partir de recursos renováveis. Em 2008, a ALTRI já detinha a totalidade do capital social da Celulose do Caima.

Fonte: PRAVE


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