terça-feira, 10 de setembro de 2013

Fábricas de cerâmica do concelho de Albergaria-a-Velha (1910)


O fabrico de telha e de louça era uma actividade tradicional no concelho desde tempos remotos. A cerâmica viria a ter alguma notoriedade em Albergaria-a-Velha com o surgimento da fábrica da olaria da Biscaia, situada na “Quinta da Biscaia”, com actividade pelo menos desde 1890, altura em que empregava nove pessoas.

No final daquele século “as fábricas de louça expedem também grande parte dos seus produtos para todo o distrito e principalmente para o de Viseu”, conforme refere um relatório da época.

Em 1905, o panorama da indústria de cerâmica no concelho de Albergaria-a-Velha era pouco mais diversificado, desenvolvendo-se nas freguesias de Albergaria-a-Velha, Alquerubim, Angeja e Ribeira de Fráguas.

Albergaria-a-Velha

 (…) era na Fábrica da Biscaia que existia uma fábrica de louça vermelha ordinária, sem vidrado, sendo o barro extraído junto à fábrica. (…) Nesta época tinha apenas sete operários, um mestre, que era o dono José Correia Vidinha, um rodista, dois amassadores, dois rapazes e uma mulher. (…)

Essas peças eram então, maioritariamente, cântaros, barris para água, panelas, alguidares e tijolos, os quais eram vendidos em 1905 aos seguintes preços: cântaros – 100 reis, barris – 60 reis, panelas – 80 reis, alguidares – 120 reis e cada milheiro de tijolo – 3$500 reis, sendo a sua produção anual e cerca de 900$000 reis. (…)

Para além de cerâmica para uso doméstico e rural, esta unidade industrial de pequena dimensão viria, mais tarde, a produzir igualmente cerâmica decorativa, alguma dela vidrada, bastante afamada na região.

Alquerubim

Duas pequenas unidades de fabrico telha ordinária, ambas em Paus, onde dois industriais tinham sete fornos de cozer telha que alugavam às pessoas que fabricavam a telha, recebendo em troca 1/6 da telha cozida ou seu equivalente em dinheiro (…)

Angeja

Em 1910 existia “uma pequena unidade sediada na Barca, (que) fabricava louça vermelha ordinária, sem vidrado. Produziam anualmente cerca de 270 milheiros de telhas, que vendiam na própria freguesia e nas vizinhas a 3$500 reis cada milheiro, rondando o seu rendimento anual os 980$000 reis.

Esta 1ª fábrica de Olaria de Angeja (da Barca) foi fundada no séc. XIX por Francisco Correia Vidinha e Rosa Rodrigues Ferreira (naturais de Ovar).

Estes, eram também os pais de Manuel Vidinha, o qual anos mais tarde acabaria por comprar a 2ª fábrica de Olaria de Angeja (Várzea).

Ribeira de Fráguas

Uma pequena unidade de fabrico e telha ordinária, situada em Telhadela, onde um industrial utilizava o mesmo sistema dos de Alquerubim, ou seja, alugava o forno nas mesmas condições.

Produzia anualmente cerca de 70 milheiros de telhas, que vendiam igualmente na própria freguesia e nas vizinhas a 3$500 reis cada milheiro, num valor aproximado de 245$000 reis anuais.

Nestas duas freguesias a laboração era sazonal, apenas nos meses e Maio a Agosto.

Fontes: “Albergaria-a-Velha 1910 – da Monarquia à República” / Luís Altino (em História de Angeja)

Curiosidade

Fortunato Freire Themudo refere, no seu "Estudo sobre o estado actual da indústria cerâmica na 2ª circunscripção dos serviços técnicos da indústria", que “o fabrico é feito da seguinte forma: cavado o barro é muito amassado com enxadas e depois partido aos bocados segundo os objectos que se desejam fabricar, sendo depois muito batido com um rolo de ferro"

Fonte: Tese de Isabel Maria Granja Fernandes 

1 comentário:

Blogger disse...

Curiosidade

António Henriques Ferreira foi proprietário e principal modelador da Fábrica de Olaria da Biscaia, em Assilhó, onde modelou alguns excelentes bustos, entre 1844 e 1847, com destaque para o do Rei D. Pedro IV.