Reportando-se às informações estatísticas de 1867, sobre indústrias e profissões, Gerardo A. Pery, refere a existência de 10.984 moinhos em todo o país.
O distrito de Aveiro tinha então 1273 moleiros, que trabalhavam nos 1251 "moinhos de água". O maior número foi registado na Feira (342) e em Macieira de Cambra (121). Destacando-se igualmente Águeda (83), Albergaria-a-Velha (69), Estarreja (68) e Vagos (65).
Recentemente, Armando Carvalho Ferreira e Delfim Bismark Ferreira inventariaram, no concelho de Albergaria-a-Velha, ruínas e vestígios de 354 moinhos. Este extraordinário número, que dá uma média de 2,27 moinhos por quilómetro quadrado, denuncia a preponderância da pequena exploração e atesta a persistência dos fenómenos económicos, sociais e culturais que os sustentaram.
Segundo o Inquérito Industrial de 1890, no concelho de Albergaria-a-Velha, havia 840 pares de mós de moinhos: 33 de laboração permanente, no rio Caima (freguesias da Branca e de Valmaior), com "118 rodas de milho e 11 de trigo", e 103 "moinhos de regato", com 188 "rodas de milho e 15 de trigo", nas restantes seis freguesias deste, que "laboram apenas seis meses".
Aníbal G. Ferreira Cabido refere, a propósito da moagem tradicional, no concelho de Albergaria-a-Velha, de 1910: "A indústria da moagem é caseira e exerce-se em moinhos de tipo ribeirinho para a grande maioria da população, sobretudo para a que se alimenta de pão de milho ou de centeio".
Francisco Augusto da Silva Vidal |
Indústria Moageira
No início do Séc. XX surge um significativo número de (pequenas) unidades moageiras em todo o país. Segundo o Correio de Albergaria em meados de Maio de 1910, andava em construção, junto à avenida da estação do caminho-de-ferro "um edifício que se destina a uma fábrica de moagens que o nosso conterrâneo, Sr. Francisco Augusto da Silva Vidal, tenciona montar após a conclusão da nova casa". Aquele semanário via no empreendimento um engrandecimento considerável da terra, "que dia a dia progride de uma forma admirável, graças ao arrojo de alguns dos seus filhos que não vacilam em se arriscarem a empresas da natureza desta".
Em 6 de Julho de 1920 é criada a "Empresa União Industrial de Albergaria-a-Nova, Limitada", com um capital social de 55 000$00. Os seus "gerentes" eram dois proprietários» da freguesia da Branca [possivelmente Gerónimo Gonçalves da Costa e Adelino Augusto de Faria - que ainda eram sócios aquando da dissolução da Sociedade], mas o "gerente técnico", Francisco Rosa da Luz, referido como "industrial", era de Mortágua.
Estes indivíduos são indicados no Anuário Comercial de Portugal como "negociantes» de madeiras ou de cereais. O objecto social era igual ao de outras fábricas, que, a par da moagem, englobavam a serração de madeiras e o comércio de cereais. As razões destes procedimentos prendem-se, por certo, com as dificuldades dos anos da Guerra, nomeadamente com o encarecimento do carvão e do ferro e com a escassez de cereais panificáveis que provocam uma geral carestia.
Se inicialmente a conjuntura interna favorecera o desenvolvimento da moagem e a conjuntura externa, criada pela I Guerra Mundial, suscitou o aparecimento de maior número de moagens e a difusão de moderno equipamento técnico, a partir de 1924 abranda o movimento de criação de sociedades para a moagem de cereais pelo facto da capacidade das fábricas existentes ter ultrapassado as necessidades do consumo.
O trabalho dos moinhos, tradicionalmente explorados por acordos informais ou por contratos de arrendamento, foi objecto de constituição de sociedades no final da década de 20 do Século XX, tendo surgindo duas sociedades ditas "civis particulares" para a exploração de dois moinhos, na Branca e em S. João de Loure, ambas no concelho de Albergaria-a-Velha.
Fonte: "Empresas e Empresários das Indústrias Transformadoras, na sub-região da Ria de Aveiro, 1864-1931" de Manuel Ferreira Rodrigues (adaptado)
Imagens: Publicidade na Gazeta dos Caminhos de Ferro (1944 e 1946)
Nota: O Estudo de Manuel Ferreira Rodrigues não faz referência à Fábrica de Serração e Moagem e ao empresário Joaquim Domingues S. Bento contudo esta empresa foi constituída em 1920 (podendo inclusive ser resultante da criação da "Empresa União Industrial de Albergaria-a-Nova, Limitada")
Publicidade (1944) |
Publicidade (1958) |
1 comentário:
Empresa União Industrial de Albergaria-A-Nova, Limitada
NIF 508171245
Dissolvida em Julho 2008 por não ter registos há mais de 20 anos
Notificados os sócios GERÓNIMO GONÇALVES DA COSTA, ADELINO AUGUSTO DE FARIA e FRANCISCO ROSA DA LUZ
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