sexta-feira, 28 de março de 2014

Frossos transformou-se numa vila quinhentista para celebrar os 500 anos da sua Carta de Foral (21, 22 e 23 de Março de 2014)


As comemorações dos 500 anos da Carta de Foral de Frossos arrancaram na noite de sexta com uma cerimónia solene na Igreja Matriz, em que a população pôde compreender a importância da data e da História de uma vila que já foi sede de concelho.

Tendo o foral manuelino sido atribuído à Ordem de Malta, António Feijó, cavaleiro desta ordem, explicou a sua hierarquia e evolução, desde a origem como organização militar há mais de 900 anos até à sua vertente hospitalária, que mantém hoje.


"Frossos – A Comenda e o Foral Manuelino"

De seguida, foi apresentado o livro "Frossos – A Comenda e o Foral Manuelino", das investigadoras Maria Alegria Marques e Paula Pinto Costa. Nesta obra, redigida para “a gente de Frossos”, as autoras fazem a contextualização histórica do período em que a Carta de Foral foi atribuído e explicam a importância do documento inserido na reforma administrativa que D. Manuel I introduziu no reino.

Maria Alegria Marques, na sua intervenção, louvou a determinação do povo de Frossos, que ousou levar as suas reivindicações ao rei através dos seus inquiridores, lutando sempre por uma maior justiça na localidade. Demonstrou, ainda, a sua admiração pelas pessoas que tiveram a clarividência de guardar cuidadosamente, ao longo de quase 200 anos, o antigo Foral depois de a partir do século XIX ele ter ficado obsoleto em termos administrativos. Se não fosse esta clarividência, um importante documento histórico poderia ter sido perdido para sempre, como aconteceu com outras Cartas de Foral em Portugal.


Feira Quinhentista

Ao longo do fim de semana de 21 a 23 de março, uma feira quinhentista tomou conta das ruas e os habitantes encarnaram as mais diversas personagens, fazendo desta celebração uma verdadeira festa da comunidade.

Após a abertura oficial da feira com um concerto pela Banda Velha União Sanjoanense, a comunidade encenou a atribuição do Foral, desde a sua redação na corte do Rei D. Manuel até à chegada a Frossos, que só aconteceu em 1516.


Cavaleiros irromperam pelas ruas e o arauto, colocando-se junto ao pelourinho, anunciou os privilégios e os deveres atribuídos àquela povoação e que vinham colocar um travão a certas injustiças cometidas pelos comendadores da Ordem de Malta que geriam o território.

O povo regozijou-se e, após o arauto anunciar que era tempo de folgar, a festa tomou conta da vila quinhentista. Nas bancas dos lavradores e artesãos, era possível comprar pão caseiro, doces, produtos hortícolas, mezinhas e até tamancos de madeira. Nas “tabernas” saudava-se o Foral com uns bons canecos de vinho, os arqueiros treinavam a sua pontaria e malabaristas, dançarinas e contadores de histórias concorriam entre si pela atenção do povo.

No largo do Pelourinho, os nobres manifestavam a sua alegria através de danças palacianas e, no dia seguinte, a “arraia-miúda” bailava junto ao Cruzeiro, arrastando os visitantes mais distraídos para uma dança de roda ao som de tambores e gaitas de foles.


Música

Para além da Banda Velha União Sanjoanense e da Banda Recreativa e Cultural União Pinheirense (que encerrou as comemorações no domingo), o público pôde apreciar outras formações locais – Escola de Gaitas do Clube de Nobrijo - e grupos de visita à vila, tais como o Duo Cardo-Roxo ou os Trabucos.


AlbergAR-TE e Companhia do Jogo

O Carro dos Loucos, com a sua trupe de saltimbancos, também irrompeu pelas ruas de Frossos, com as suas músicas provocadoras. Esta criação original da Companhia do Jogo envolveu vários jovens da comunidade, bem como munícipes de Idade Maior, demonstrando que a “loucura” é um estado de espírito bastante transversal. Já na área do teatro, destaque para a peça "Nhaque" ou sobre "Piolhos e Actores", também da Companhia do Jogo, que arrancou muitas gargalhadas ao público na noite de sábado.

Balanço

O balanço das comemorações não podia ser mais positivo. Os habitantes de Frossos apoderaram-se desta data significativa e tornaram a festa em algo único e original, envolvendo todas as suas colectividades. Mais de 300 pessoas trabalharam em estreita parceria com a Câmara Municipal, a Junta de Freguesia de S. João de Loure e Frossos e a AlbergAR-TE – associação cultural que fez reavivar o ambiente do século XVI. Este trabalho colaborativo fez com que a população vivesse mais a SUA festa.(...)

Fonte: CMAAV (adaptado); Imagens: Grupo do facebook "Frossos - Comemoração dos 500 anos"

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